A direita fundamentalista fez mais uma ofensiva contra o direito das mulheres, desta vez na Argentina, onde no último sábado (28) manifestações foram convocadas em várias cidades do país contra o projeto de lei apresentado pelo presidente Alberto Fernandez sobre a legalização do aborto no país. Em Buenos Aires, os protestos se concentraram em frente a Casa Rosada, sede do governo. Grupos ligados as igrejas, tanto católicas quanto evangélicas, vale lembrarmos que o apelo religioso pelo catolicismo é muito grande no país, devido ao papa Francisco ser argentino, e grupos que se intitulam “pró vida” saíram em defesa de que mais um direito das mulheres seja-lhes negado.
Este é mais um episódio da ofensiva da direita e extrema direita contra todas as mulheres, pois o aborto é utilizado como forma de julgamento moral e não é tratado como realmente deve ser tratado, como uma questão em que a mulher decida sobre querer ou não a maternidade além de todas as questões de saúde pública, econômica e social que envolve o direito ao aborto seguro. Milhares de mulheres morrem todos os anos no mundo devido a procedimentos de emergência e mal sucedidos do aborto, e essas mortes ocorrem justamente pela omissão do Estado e pela campanha da direita e extrema direita contra os direitos básicos das mulheres, ao mesmo tempo que fazem demagogia com a falsa preocupação com a vida, enquanto várias mulheres perdem suas vidas simplesmente porque o Estado e a sociedade conservadora lhes nega e lhes julga por algo que não deveria ser questionado, mas sim um direito irrestrito para sua emancipação social. A questão do aborto trata-se de uma questão de saúde pública e principalmente do direito da mulher em decidir sobre seu corpo, sua vida financeira, familiar, entre tantas outras questões que envolvem a sua vida, principalmente a sua emancipação social.
A emancipação social das mulheres não acontece na sociedade capitalista justamente porque esse não é o planejado pelo regime para com elas, muito pelo contrário, no capitalismo vemos que as mulheres se tornaram ainda mais a parcela da classe trabalhadora mais oprimida e explorada, tudo isso encoberto com uma imagem identitária de que as mulheres estão conseguindo igualdade na sociedade, mas o que vemos é que quando ocorrem as crises econômicas e os ataques aos direitos dos trabalhadores as mulheres são as mais prejudicadas e as primeiras a serem atingidas.
Enquanto a direita se preocupa com o “direito a vida” milhões de mulheres continuam sendo atacadas pela mesma direita sem ter o mínimo de direitos preservados, uma grande demagogia e hipocrisia aliada a uma moral e fundamentalismo que são o verdadeiro sinônimo do retrocesso social da classe trabalhadora. Diante disso, as mulheres e os partidos de esquerda, tanto na Argentina como em toda a América Latina, devem se organizar e exigir que os direitos das mulheres sejam preservados, a começar pelo aborto, uma das principais reivindicações da luta das mulheres. Somente com a organização das trabalhadoras pelos seus direitos e pelo governo operário é que será conquistado a verdadeira emancipação social de toda a classe das mulheres trabalhadoras.





