Algumas reportagens recentes abordaram a desilusão dos jovens com o cenário eleitoral, traduzido em alguns casos nos votos nulos ou na opção por não votar para aqueles com 16 e 17 anos. Um dado que explicita isso é que a taxa de participação dessa faixa mais jovem do eleitorado foi a menor desde 1990, com uma redução de 55% em relação à última eleição municipal.
O que em geral é interpretado como um fato negativo pelos partidos dos “crackeiros eleitorais”, na verdade é uma expressão positiva da descrença da juventude no regime político burguês. Uma parte da juventude não se entusiasma com o ilusionismo armado pela burguesia e replicado pela maioria da esquerda pequeno-burguesa.
A inquietude típica da juventude não deixa passar o fato de que a maioria dos políticos eleitos são sempre os mesmos, e em muitos casos seus filhos e netos e por aí vai. Além disso, quando algum candidato da esquerda se elege não consegue promover nenhuma transformação real da situação da maioria da população.
Contrastando com esse fato, nas eleições recentes vemos a mesma conversa fiada na boca de candidatos esquerdistas. No meio de uma crise econômica global cuja etapa atual dura mais de uma década, só falta prometerem o “reino dos céus”.
Ao invés de combater a demagogia dos políticos da direita, que há décadas fazem promessas ao povo sem qualquer pudor, essa esquerda que vive e morre por um cargo de vereador faz exatamente o mesmo. Convencidos de que a população brasileira seria conservadora, devido à eleição fraudulenta de Bolsonaro, trocaram o vermelho por roxo, amarelo, verde, azul. Não tocam em temas que consideram potencialmente prejudiciais aos seus planos, adaptam cada vez mais seu discurso ao dos políticos tradicionais da direita.
Se a esquerda parlamentar tivesse apostado na polarização contra a direita golpista, certamente teríamos um quadro eleitoral muito diferente. Nesse quadro, a juventude encontraria terreno fértil para desempenhar seu papel histórico de atuar politicamente nas ruas e as eleições seriam impactadas por essa mobilização.
Apesar do imenso potencial, essa juventude tem sua falta de experiência política confrontada com uma esquerda confusa e vacilante. Como um jovem da periferia pode distinguir entre esquerda e direita com partidos esquerdistas lançando policiais militares candidatos? Como distinguir entre esquerda e direita com a maioria dos partidos de esquerda abandonando ou escondendo suas verdadeiras cores?
Nesse sentido, o PCO aponta um caminho concreto de luta para a juventude, sem esconder suas cores, suas bandeiras e seu programa. Para evoluir dessa mera desilusão com o regime, é preciso convocar os jovens a defender, na prática, os seus interesses.