A crise do capitalismo nos EUA, centro da economia mundial, é cada vez mais intensa e se manifesta de forma explosiva como foi vista nas grandes mobilizações de rua após o assassinato de George Floyd pela polícia. O povo negro do país se apresenta como um dos setores da sociedade mais oprimidos e ao mesmo tempo mais organizados, portanto são capazes de desestabilizar o regime completamente como aconteceu nos anos 1960 e neste ano de 2020. Por isso é necessário uma demagogia cada vez maior em cima da questão do negro para tentar manter o mesmo regime político genocida que domina os EUA há décadas. Obama foi uma manifestação disso, recentemente a vice presidenta Kamala Harris e a agora a notícia é a indicação de um general negro como ministro da defesa que irá bombardear o povo negro no mundo inteiro.
O general indicado pelo senhor da guerra Joe Biden chama-se Lloyd Austin e pode se tornar o primeiro negro a comandar o pentágono, sede da maior máquina de repressão internacional de toda a história da humanidade. Ele já atuou como chefe do comando central dos EUA durante os anos de governo Obama-Biden e nesse tempo foi responsável pela supervisão das forças armadas no Oriente Médio, no período em que a Líbia, o Iraque, a Somália, a Síria, o Afeganistão e a Palestina estavam sendo bombardeados pelo exércitos imperialistas chefiados pelos EUA.
Após a sua recente aposentadoria em 2016 Lloyd se tornou membro no conselho de várias empresas multinacionais incluindo da própria indústria bélica, especificamente a fabricante de armas norte americana Raytheon Technologies, ele também teve relações diretas com a indústria do aço, que nos EUA tem laços estreitos com a indústria bélica e também com uma empresa privada de saúde, maior inimiga da classe operária dos EUA que tem como uma de suas principais pautas a criação de um sistema público e gratuito de saúde ao estilo do SUS brasileiro ou do NHS inglês.
A indicação do general negro faz parte do projeto do genocida Biden de ter a bancada com a maior “diversidade” da história dos EUA, no caso a diversidade não se aplica à política aplicada pelo governo que será a mesma de destruição da economia mundial, expensão das guerras e esmagamento da classe operária no país e internacionalmente. A diversidade será aquela pautada pela política impulsionada pelo imperialismo para confundir a esquerda, ou seja, será identitária. O gabinete será composto dos mais reacionários latino americanos, negros, mulheres e LGBTs que Biden conseguir encontrar, será necessário o máximo de demagogia possível para tentar apaziguar a revolta popular que suas políticas neoliberais e de guerra generalizada irão gerar.
Aqui é importante explicar que o identitarismo não tem nada a ver com a luta real do negro, da mulher, do LGBT ou de quaisquer outras minorias ou setores oprimidos da sociedade. O identitarismo é uma política oriunda da extrema direita, adaptada pelo imperialismo nas universidades norte americanas para dar uma aparência esquerdista à mesma política ultra reacionária que é imposta em todo o mundo desde o fim da segunda guerra mundial pelos EUA. É uma forma de convencer a pequena burguesia de apoiar genocidas como Biden e Doria e assim sustentar o regime político que esta disposto a assassinar dezenas de milhões e destruir países inteiros para manter de pé o capitalismo em decadência.
O caso Kamala Harris é o exemplo perfeito de como se aplica a política identitária, a vice presidenta, que é uma mulher negra, é uma das maiores inimigas dos negros do mundo. Ela que foi procuradora impulsionou leis mais repressivas e sustentou o encarceramento em massa que joga milhões de trabalhadores estado-unidenses no maior sistema prisional da história da humanidade, 2,5 milhões de pessoas em sua maioria negras em um país que, ao contrário do Brasil, os negros são uma minoria da população. Mesmo sendo uma inimiga declarada dos negros Kamala por ser uma mulher negra foi usada na campanha presidencial para atrair os votos daquelas que sua política esmaga todos os dias.
O caso do general Lloyd é semelhante, um veterano de guerra do Iraque é um dos maiores inimigos dos povos oprimidos internacionalmente, os árabes não fazem necessariamente parte da população negra mas são parte das populações não brancas que sofrem a enorme tirania do imperialismo junto aos negros dos EUA, aos latino americanos, aos africanos, e aos asiáticos. No caso do Oriente Médio e do Iraque especificamente, o nível de opressão e destruição está entre os maiores da história, semelhante ao das invasões nazistas no leste europeu. Só com as sanções econômicas centenas de milhares de crianças morreram no país, com a guerra o número de mortos passa dos milhões.
A luta dos grupos oprimidos sejam negros, latino americanos, árabes, indígenas, mulheres, LGBTs etc se dá justamente contra figuras como Kamala Harris e o general Lloyd Austin, verdadeiros capitães do mato da modernidade, capatazes do maior inimigo de todos esses setores e da classe operária internacional como um todo, isto é, o imperialismo. Toda a propaganda identitária existe para sustentá-lo, mas a luta real dos setores explorados acontece dentro da luta de classes, ou seja, é uma luta dos oprimidos pela destruição do imperialismo por meio da mobilização revolucionária das massas em direção ao socialismo.