O filme Contágio, de Steven Soderbergh (2011, EUA), conta uma história parecida com a do coronavírus. Contágio baseia-se no romance The Eyes of Darkness (Os olhos da escuridão), de 1981, escrito pelo americano Dean Koontz em que o autor havia “previsto” a expansão da doença. Koontz de fato descreve no livro um vírus fictício que se chama “Wuhan-400” e cujo nome refere-se à cidade chinesa onde começou o surto de coronavírus. No entanto, o vírus, no romance fictício, é uma arma biológica criada na China, desenvolvida em laboratório, e não um micróbio que se espalha espontaneamente pelo mundo. Além disso, o vírus do livro é mais letal e se espalha mais rapidamente.
Na vida real, o Coronavírus chega ao cinema e contamina estreias, bilheterias e até o ator Tom Hanks. A indústria cultural tem sofrido com a pandemia e arrecadação no setor de filmes aponta para grandes perdas.
O estrago financeiro é muito grande. O terror, acompanhado de um misto de medo e agonia, está se espalhando pelos cinemas ao redor do globo. Toda a indústria cultural terminará o ano de 2020 com rombos inimagináveis.
Não há um canto do mundo que passou incólume. Shows foram adiados, como os de Madonna em Paris; museus passaram vários dias fechados ou com acesso limitado, como o Louvre; feiras de literatura e de arte foram canceladas, como a Art Basel Hong Kong; teatros fecharam as portas, como aconteceu com toda a Broadway.
O cenário de catástrofe lembra, de fato, a trama de Contágio. Contudo, não está nos países asiáticos as maiores perdas, eis que ocupam hoje o segundo lugar na lista dos maiores mercados cinematográficos do mundo, atrás só dos Estados Unidos — este sim lidera o ranking das perdas. Estas bilheterias só no ano passado alcançaram a cifra de até R$ 37 bilhões.
O novo coronavírus suspendeu os espetáculos da Broadway, após Nova York proibir multidões por causa do coronavírus. No Brasil, a estreia do filme sobre Suzane von Richthofen também foi adiada devido ao coronavírus.
Ninguém ficou imune. Na Itália, que vinha passando por um boom cinematográfico, a situação também é assombrosa. Só nas últimas semanas de fevereiro, cerca de metade dos cinemas no país permaneceram fechados.
Na verdade, desde a semana passada, o governo italiano passou a considerar todo o país zona vermelha da doença e, três dias mais tarde, proibiu as operações de qualquer serviço não essencial —restaurantes, bares, lojas, teatros, shoppings, boates, cassinos e, é claro, cinemas.
“É uma pena, porque nosso país estava passando por um boom real e positivo no começo do ano, interrompido repentinamente por essa situação horrível”.
O diretor da associação da indústria do audiovisual italiana, Roberto Stabile disse: “Realmente acho que o medo do vírus é mais prejudicial do que o próprio vírus. Tenho certeza que, no final, nós veremos que o vírus afetou muito mais a economia do que a saúde”, completa.
De fato, a economia do capitalismo Mundial colapsou. A atual falência das Bolsas ao redor do mundo, frente à relativamente baixa taxa de mortalidade deste coronavírus não pode culpar o vírus pela decrepitude do capitalismo.
De resto, pode-se descobrir vacinas e combater o vírus, contudo, não há mais salvação para as economias já tão carcomidas e, ainda mais agora, contra a pandemia de pânico.
O especialista em desenvolvimento econômico Omar Hassan, no portal britânico Independent, ressaltou que, num primeiro momento, os maiores afetados serão os pequenos negócios. Mas, logo a seguir, os gigantes do mundo corporativo, que não estão imunes, conhecerão a derrocada.




