Constantemente atingido por crises, quase todas constituindo uma consequência lógica da política levada a cabo pela burguesia, a emergência do coronavírus e sua chegada ao Brasil promete ser mais um fator explosivo contra o governo de Bolsonaro e acirrar ainda mais a luta de classes, que desde o golpe de 16 se eleva a cada ano.
Tendo como epicentro o principal parceiro comercial do Brasil, a China, setores ligados ao latifúndio, grãos, carne e mineração já se encontram sob forte apreensão. Isto por que o país asiático é o destino de 80% das exportações de soja brasileira, 40% de algodão, 30% de carne e ainda 60% das exportações do nosso minério de ferro.
Na indústria de eletroeletrônicos, 57% das empresas já sofrem problemas com insumos industriais oriundos da China, a ponto da Flextronics, que fabrica celulares para a Motorola, deu férias coletivas para os trabalhadores em fevereiro e irá dar novas a partir de 9 de março. Em Manaus, a Evadin, fabricante de impressoras térmicas e terminais de atendimento, informou que não tem insumos a partir deste mês. No setor de serviços, o cancelamento de viagens já é sentido por empresas aéreas, hotéis e mesmo táxis.
O caso do coronavírus se une a diversos outros fatores como a crise das PMs, as queimadas que assolaram o país, a poluição da costa brasileira (sobre a qual, depois de tentar responsabilizar a Venezuela, o governo se calou), as disputas entre os segmentos da direta e outros sem nenhuma iniciativa por parte da esquerda mas que ainda assim, contribuem com muita força para aumentar a desestabilização do regime golpista e constituem grandes oportunidades para a vanguarda dos movimentos populares, principalmente estudantes e trabalhadores, que devem usá-las para convocar grandes mobilizações capazes de liquidar de vez com esse governo que é uma verdadeira ameaça ao conjunto da população brasileira e já há meses vem manifestando interesse em fechar o regime de vez rumo a uma ditadura de características abertamente fascistas.