Com a pandemia de coronavírus e o massivo desemprego, a população se viu novamente confrontada com outro problema: a fome.
Foi assim que ao iniciar as atividades dos Conselhos Populares de Saúde por todo o país, os integrantes dos Conselhos, incluíram em suas reivindicações a questão da alimentação da população e num segundo momento se viram na necessidade de criar restaurantes de campanha, para promover ajuda mútua entre a população e impedi-la de morrer de fome.
Já em 2016, o Diário Causa Operária demonstra a necessidade e a importância da criação de Conselhos Populares, em artigo intitulado “Conselhos populares: o que são e por que precisamos deles”. Em uma breve explicação, os Conselhos são um avanço na luta dos trabalhadores pelos seus interesses de classe, porque não se veem mais em categorias isoladas contra patrões isolados como nos sindicatos, mas como trabalhadores em luta contra o conjunto da burguesia. É a organização política real da classe operária em oposição à pilhagem da burguesia, em direção à revolução e ao governo operária.
Como uma das características da realidade, a experiência é o valor mais confiável para julgar a política, podemos concluir com absoluta certeza que os Conselhos Populares organizados por todo Brasil vêm se tornando cada vez mais maiores e mostrando uma perspectiva organizada e política para crise.
Em Curitiba, no Alto Boqueirão/Boqueirão, o conselho em uma semana organizou um Restaurante de Campanha, sem cozinha industrial e sem muitas panelas, com arrecadações voluntárias. Com vontade política, alimentou centenas de moradores do bairro mais necessitado. Já enviaram uma carta de reivindicações à prefeitura e não esperam pela boa vontade da direita; mostram que, pela sua própria organização, conseguem suprir suas necessidades imediatas eles mesmos. Organizam agora uma imprensa independente do bairro para divulgar suas atividades.
Exemplo semelhante é o de Blumenau, no bairro de Ribeirão Fresco, onde saiu a vanguarda dessa campanha do Restaurante popular e realizou a atividade já pela segunda semana seguida. Com um boletim semanal intitulado A voz do bairro, e com reuniões com mais de 30 pessoas, a organização dos trabalhadores se desenvolve a pleno vapor.
Também temos o caso de São Félix do Caribe, no interior da Bahia, que já conta com um número gigantesco de pessoas, com reuniões diárias e boletim semanal, onde já foram organizadas passeatas para cobrar da prefeitura o descaso em relação a miséria que a população passa.
Outras dezenas de conselhos estão se desenvolvendo, com reuniões periódicas, e numa velocidade que mostra o caminho real para combater a crise capitalista e a pandemia: a mobilização e a organização dos trabalhadores sob um programa revolucionário que reivindique todos os seus interesses de classe.