A Secretaria de Saúde do Espírito Santo (Sesa-ES) elaborou um inquérito escolar, uma investigação que busca analisar a prevalência do coronavírus entre estudantes, docentes e trabalhadores da educação. No mês de outubro, o Espírito Santo autorizou a reabertura das escolas.
A investigação, desenvolvida quando a reabertura não tinha ainda se completado, detectou que 11,1% dos estudantes e 7,8% dos profissionais tinham anticorpos contra o vírus. Os testes foram realizados entre 86 escolas sorteadas de ensino fundamental, médio e das redes estadual e particular, num total de 13 municípios do Espírito Santo. Em números totais, foram 3.400 professores, 2.300 funcionários e 5.065 alunos testados como amostragem.
O inquérito revelou que os estudantes se contaminaram mais que as demais categorias. A porcentagem de 11,1% corresponde a 560 infecções. Já entre os professores e funcionárias, a taxa foi de 7,8%, correspondente a cerca de 440 pessoas. As escolas municipais apresentaram maiores taxas de infecção dos que as estaduais e particulares. Aqueles que se declararam pretos e pardos figuraram entre os mais infectados.
A porcentagem de infecções foi maior entre estudantes e trabalhadores que se utilizam de transporte público e moram com mais de cinco pessoas. Isto é, a contaminação está diretamente relacionada às condições econômicas da pessoa, que se reflete nas condições de vida .Entre os estudantes contaminados, 37,9% apresentaram sintomas, como dor de cabeça, congestão nasal, tosse, dor de garganta, coriza, febre, anosmia (perda do olfato), mialgia (dor no corpo) e ageusia (perda do paladar). Para a categoria dos trabalhadores e professores, mais de 65% tiveram sintomas.
A situação do Espírito Santo pode ser generalizada para todo o país, na medida em que os governos vão autorizando a reabertura das escolas em meio à pandemia. É importante destacar que o inquérito escolar foi feito no momento em que a rede de ensino não tinha sido aberta completamente. Hoje, a situação deve estar muito pior, com as escolas sendo vetores de transmissão do vírus. O Estado do Espírito Santo registra 230.280 casos confirmados e 4.795 óbitos.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), tenta reabrir as escolas há meses, porém se defronta com a resistência dos estudantes, professores e pais de alunos. A Apeoesp realizou uma campanha contra a volta às aulas e mobilizou a categoria dos professores. Contudo, a volta às aulas está programada para 1º de fevereiro de 2021, mesmo que a situação da pandemia esteja fora de controle.
Dória tem atuado para manipular os dados e esconder a realidade da população. Há meses 0o governo mudou a metodologia de compilação dos dados, de forma a dificultar a interpretação do desenvolvimento da doença pelos cidadãos. No período prévio às eleições na cidade de São Paulo, o governo estadual ficou vários dias sem divulgar dados sobre a doença. Uma vez consumada a vitória de seu aliado Bruno Covas (PSDB), os dados voltaram a se divulgados e o governador anunciou medidas restritivas em todo o Estado. Diga-se de passagem, Dória dizia que a doença não estava se expandindo, mas foi forçado a reconhecer o aumento de 20% nas contaminações e aumento na taxa de internação em leitos de UTI.
O Estado de São Paulo, governado há mais de 30 anos pelo PSDB, é o mais atingido pela pandemia em todo o país e é o epicentro da doença na América do Sul. Os órgãos governamentais registram 1.388.043 casos confirmados e 45.136 óbitos. A crônica subnotificação dos casos e a sistemática manipulação dos dados estatísticos impedem uma análise precisa da situação, mas estima-se que seja muito maior e mais grave. As parcas estruturas para o atendimento à população já foram desmontadas, com a finalidade de passar a noção de que já se caminhava para a normalidade.
A rede pública de São Paulo é uma sucata. Em tempos de normalidade, faltam equipamentos básicos de higiene e materiais pedagógicos nas escolas. Há déficit de funcionários e os professores são afetados por duras condições de trabalho e salários baixíssimos. O governador tucano promete que as escolas terão os equipamentos de proteção individual assegurados para retomar as atividades, afirmação que nenhum professor, funcionário e estudante pode levar a sério.
A retomada das aulas em meio à pandemia é uma política que atende aos interesses dos grandes bancos e capitalistas, que querem a garantia de seus negócios e lucros. Contudo, trata-se de expor milhões de crianças, adolescentes, professores e funcionários ao risco de contaminação e morte. A política de Dória é a mesma de Jair Bolsonaro, que se sintetiza na frase “deixar morrer quem tiver que morrer”.
No Amazonas, Pará e Rio de Janeiro, a reabertura das escolas resultou no aumento das infecções. Os governos tiveram que recuar e fechar as escolas novamente. É preciso impedir que essa política genocida seja levada adiante pelos governos capitalistas, preocupados em garantir os lucros de uma ínfima parcela da população em detrimento da maioria.
É preciso mobilizar os estudantes e professores contra a retomada das aulas sem vacinação. Somente com a vacinação pode-se garantir segurança para o andamento das atividades pedagógicas. Os professores, funcionários da educação, pais e alunos não devem pagar com suas vidas pela campanha eleitoral presidencial de João Doria para 2022.