Até os dias de hoje, no futebol brasileiro, dos doze times considerados grandes no país, somente Vasco, Botafogo e Cruzeiro tiveram mais técnicos negros do que estrangeiros em sua história. Enquanto isso, o histórico mostra que o restante das potências do futebol dá mais preferência aos estrangeiros do que a técnicos negros brasileiros, que são a grande maioria dos craques brasileiros. O racismo existe no futebol brasileiro e um reflexo disso é a preferência por técnicos estrangeiros, deixando os craques negros em segundo plano.
Confrontando, de acordo com os números, a passagem de treinadores negros e estrangeiros pelos principais clubes do país, é clara a desvalorização pelo craque de futebol brasileiro negro para a função de treinador:
- Inter – 3 negros e 14 estrangeiros;
- Grêmio – 5 negros e 14 estrangeiros;
- Corinthians – 8 negros e 12 estrangeiros;
- São Paulo – 2 negros e 15 estrangeiros;
- Santos – 6 negros e 17 estrangeiros;
- Palmeiras – 3 negros e 16 estrangeiros;
- Flamengo – 10 negros e 11 estrangeiros;
- Fluminense – 10 negros e 15 estrangeiros;
- Vasco – 12 negros e 5 estrangeiros;
- Atlético Mineiro – 7 negros e 12 estrangeiros;
- Cruzeiro – 8 negros e 4 estrangeiros;
- Botafogo – 11 negros e 7 estrangeiros;
É preciso destacar que a função de treinador é um cargo notabilizado como “superior”, cargo de liderança intelectual, pois denota conhecimento tático e estratégico.
Os números mostram que o racismo está impregnado no futebol brasileiro quando os jogadores negros foram importantes para as principais conquistas do futebol brasileiro em campo, mas não são acionados pelos grandes empresários donos dos clubes quando o trabalho é planejar o futebol. Mais do que responsáveis pelas conquistas, mas também pela edificação da história do futebol brasileiro, onde a maioria de seus principais gênios são negros, inclusive o maior no planeta, Pelé.
Pelé, Garrincha, Jairzinho, Djalma Santos, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Edilson Capetinha, Romário, Cafú, Dida, Ruan, Roque Júnior, Mineiro, Viola, Marcelinho Carioca, Adriano, Daniel Alves, Neymar, Firmino, Bruno Henrique, Marcelo, Didi, Leônidas da Silva, Carlos Alberto Torres, Careca, Júnior e etc. A lista de gênios negros do futebol brasileiro é interminável, e tem muito mais vindo da base.
No entanto, pouquíssimos são os treinadores negros no Brasil. É preciso notar que, mesmo sem tantas oportunidades, não é difícil apontar grandes treinadores negros quando lembramos de Wanderlei Luxemburgo, Jair Ventura, Roger Machado, Joel Santana, Andrade, Celso Roth e etc.
É preciso denunciar que as diretorias dos clubes estão abarrotadas de empresários que vendem o futebol para quem pagar mais. São esses que que se consideram donos do futebol brasileiro e, com justificativa de trazerem contribuições para o futebol pentacampeão do mundo, derramam milhões e milhões nas mãos de técnicos estrangeiros, quando não foi nenhum deles quem nos levou à glória de ter o melhor futebol do planeta. É preciso combater o racismo no futebol brasileiro e entregá-lo àqueles que entendem de futebol.