Em novembro deste ano completa-se 40 anos do disco Clara Crocodilo, do compositor Arrigo Barnabé. Lançado em 1980, o disco se tornou um marco do movimento que ficou conhecido como a Vanguarda Paulista.
Arrigo Barnabé, junto com Itamar Assunção, Tetê Espíndola e as bandas, Língua de Trapo, Premeditando o Bregue e outros são representantes desse movimento, considerado por muitos críticos musicais como um dos mais avançados em termos de música popular do mundo.
O disco Clara Crocodilo é uma mistura bastante original de estilos e ritmos, da música erudita ao punk, passando por todos os gêneros da música popular brasileira. Nesse sentido, é muito perceptível o caráter experimental do disco.
Arrigo Barnabé leva para a música popular as técnicas de música atonal, desenvolvidas nas vanguardas da música erudita.
Nas letras, Clara Crocodilo expressava a vida na São Paulo do final dos anos 70 e início dos anos 80, uma cidade que já havia se constituído como uma das maiores metrópoles do mundo. A degradação e a marginalidade aparecem nos textos de Clara Crocodilo, em geral narrando episódios, com diálogos entre personagens interpretados pelo coro e o vocal principal. O disco usa também a linguagem de história em quadrinhos.
O disco foi lançado em 15 de novembro, na Faculdade de Arquitetura da USP, mas só foi liberado pelo DOPS da ditadura militar no final de dezembro.
Em entrevista para o sítio Pop Fantasma no último dia 17 de julho. Arrigo Barnabé afirma que o disco era político, muito influenciado pelo Brasil já do final da ditadura militar: “claro que é totalmente político. A letra do Clara tem muito a ver com a ditadura.”





