No dia 13 de junho, a atriz Regina Duarte iniciou, finalmente, sua carreira à frente da Cinemateca de São Paulo, um dos equipamentos culturais mais importantes do País. Regina Duarte havia sido exonerada no dia 10 de junho, 20 dias depois de a atriz ter tido sua saída anunciada pelo governo Bolsonaro. O curto período em que Duarte esteve no comando da Secretaria de Cultura foi marcado pela completa inação frente o momento mais difícil que os artistas se depararam ao longo das últimas décadas.
Apesar de Regina Duarte não ter feito coisa alguma quando esteve no comando da Secretaria, ficou claro que ela é um elemento completamente alinhado ao fascista Jair Bolsonaro. Em entrevista, a atriz cantou um hino que remete à ditadura militar e fez pouco caso dos mortos e torturados pelo regime. Regina Duarte, finalmente, se mostrou tão nazista e tão inimiga da cultura quanto seu antecessor, Roberto Alvim.
Tirar Regina Duarte do seu cargo anterior ajudou Bolsonaro a minimizar a crise em que se encontra seu governo. No entanto, agora, a Cinemateca corre grande perigo. O equipamento já vem sendo alvo de inúmeras sabotagens por parte da direita golpista, e agora terá à sua frente ninguém menos que uma bolsonarista, uma herdeira ideológica dos nazistas que queimavam livros há menos de um século.
A Cinemateca começou suas atividades na década de 1950. Desde então, tem guardado os filmes brasileiros criados por meio do acervo Filmografia Brasileira (FB). No entanto, apesar da importância que o local tem, pois conserva parte expressiva da cultura nacional, a Cinemateca já foi vítima de pelo menos quatro incêndios. No último deles, que aconteceu em 2016, mais de 1 mil rolos de filmes foram perdidos, o que representou a destruição de mais de 700 títulos de obras cinematográficas.
As sucessivas sabotagens da direita à cultura, sabotagens essas que a Cinemateca não escapa, são tantas que os funcionários entraram em greve na última semana. Assim como os demais artistas do País, os funcionários da Cinemateca estão sendo atingidos duramente pela pandemia de coronavírus.
O desprezo da burguesia pela cultura já é largamente conhecido. Há não muito tempo, o mundo inteiro repercutia a incompetência do governo Macron e seus antecessores, que levaram a Catedral de Notre-Dame às chamas. Por isso, é preciso mobilizar os trabalhadores de todo o mundo para lutar contra a extrema-direita fascista, inimiga da cultura e do povo. No Brasil, essa luta passa necessariamente pela derrubada do governo Bolsonaro.