Em 2018, os jornais baianos noticiaram que a major da Polícia Militar, Denice Santiago, seria, segundo líderes da oposição da direita, a candidata a vice-governadora na chapa de José Ronaldo, candidato do DEM, depois da desistência do prefeito de Salvador, ACM Neto (www.metro1.com.br/ major-denice-santiago-sera-vice-de-jose-ronaldo-dizem-aliados).
A filiação da major da PM dada como certa no PRB, com a sua indicação apoiada pelo presidente nacional do DEM, ACM Neto, acabou não vingando, e a “nova face” da PM baiana não compôs a chapa com José Ronaldo, ex-prefeito de Feira de Santana, um direitista notório, que durante a campanha abandonou a candidatura presidencial de Geraldo Alckim e apoiou Jair Bolsonaro.
Em 2020, novamente a major da PM, Denice Santiago, aparece nas manchetes dos jornais, dessa feita, não para recusar um convite partidário, mas para festejar sua indicação pelo PT como pré-candidata oficial à prefeitura de Salvador ( www.metro1.com.br /PT define Major Denice como pré-candidata a prefeita de Salvador).
Segundo o presidente regional do PT na Bahia, Éden Valadares, “Com enorme capacidade de liderança, articulação política e social, e um carisma do tamanho do seu sorriso, Denice tem a cara, a voz e o coração do PT e de Salvador”.
É interessante notar que a candidata que é apresentada em 2020 pela direção do PT baiano como “a cara, a voz e o coração do PT”, em uma eleição atrás era cotada como candidata do espectro político da direita baiana.
A candidatura da major baiana tem como padrinhos políticos decisivos no PT, o governador Rui Costa e o senador e ex-governador Jaques Wagner, que tiraram literalmente do colete uma candidata que não era filiada ao partido (por força da legislação), mas, como como podemos ver nas reportagens de 2018, integrava o campo político da direita.
O governador Rui Costa, que no fim do ano passado aprovou a toque de caixa a reforma da previdência estadual na Alba (Assembleia Legislativa da Bahia) nos moldes bolsonaristas, e que tem continuamente atacado os servidores públicos e os movimentos sociais, praticamente impôs a candidatura da sua preferida contra a militância petista em Salvador.
Além disso, aproveitando-se da pandemia do Covid-19, a burocracia partidária ligada ao governador cancelou as prévias, e, por meio de um colégio eleitoral de cartas marcadas da direção partidária, derrotou nomes mais representativos da militância partidária como o ex-ministro Juca Ferreira, e a socióloga Vilma Reis.
Essa política de impor uma major da PM com estreita ligação com a direita baiana é expressão mais visível da política da direita do PT, que passa por cima até mesmo da própria militância partidária.