No último sábado (8), o Brasil ultrapassou a marca de 100 mil mortos pela pandemia do novo coronavírus, data que destacou-se também por outra barreira ultrapassada: mais de 3 milhões de pessoas foram infectadas pelo Covid-19 no País. Os números da pandemia mantém o Brasil como o segundo no ranking mundial de países mais atingidos pela doença, atrás apenas dos Estados Unidos em quantidade de doentes e mortos.
O impressionante número foi desdenhado por Bolsonaro mas iguala a pandemia ao número de baixas provocadas pela guerra do Paraguai, com um detalhe que não estamos falando de soldados em guerra mas fundamentalmente de trabalhadores arriscando suas vidas para garantir o funcionamento de uma economia que só beneficia os grandes capitalistas, parasitas do trabalho da classe operária e dos impostos da população em geral.
Estes números precisam ainda ser considerados sob a ótica de todas as manipulações realizadas sobre as estatísticas, que tornam os 100 mil mortos o mínimo que não foi possível esconder. Sobre isto, vale ainda algumas considerações, a primeira a respeito à confiabilidade das informações.
O governo dos Estados Unidos testa, em média, pouco mais de 197 mil pessoas para cada milhão de habitantes. Pode até parecer valor grande, mas é 7,25% menos, por exemplo, do que a Rússia, com quase 210 mil testes para cada milhão de habitantes, o que coloca os EUA atrás de um país mais pobre e atrasado do que o Brasil em um aspecto fundamental para controle da pandemia. E se os Estados Unidos estão, no mínimo péssimos neste quesito, pior ainda está o Brasil.
Com 62.202 testes para cada milhão de habitante, o Brasil consegue a proeza de ficar atrás não apenas dos países supracitados mas também de vizinhos mais pobres como Chile (96.238/milhão) e Peru (77.181/milhão). Com mais de 10 milhões de trabalhadores retornando a seus postos na última semana, sem controle de nenhuma natureza, nem testes para tal, nem trabalhadores de saúde indo aos locais de moradia e trabalho dos trabalhadores, sem obras de infraestrutura para tratar este grande vetor de transmissão da pandemia que são os esgotos, sem hospitais sendo construídos, sem fornecimento de insumos sanitários (tais como álcool em gel, máscaras e mesmo água).
Todos os governantes estão alinhados a retomarem as atividades em todos os estados. Se uniram ao presidente golpista na defesa da mesma política genocida para salvar os lucros dos capitalistas.