Com a crise econômica aprofundada pela pandemia do coronavírus, os setores mais explorados da sociedade capitalista são os que sentem mais brutalmente os efeitos da pandemia global. Diferente do que prega a imprensa cartelizada, não há uma “unificação de todo o país contra o COVID19”, mas sim um acirramento da luta de classes. O aumento do desemprego é sentido em toda a classe trabalhadora, e tem um efeito cruel em um setor já bastante explorado: as empregadas domésticas.
Segundo estimativas, o número de desempregados pode crescer em até 5 milhões até maio. E neste cenário, as domésticas são especialmente afetadas, uma vez que não possuem estabilidade ou possibilidade de realizar o trabalho via home office, algo evidente. Segundo informações da PNAD divulgadas em fevereiro de 2020, houve um recorde no índice de trabalhadores informais no Brasil desde que esse índice passou a ser medido. As domésticas são aproximadamente 5,7 milhões de trabalhadoras, sendo que destas 62,9% são negras. Muitas delas mantenedoras das suas famílias, com a crise as domésticas estão em um dilema entre ter que enfrentar uma condição de trabalho extremamente perigosa, ou seja, se expor ao risco da contaminação, ou não ter como manter o sustento da própria família.
O pacote lançado pelo governo Bolsonaro, em parceria com o centrão e comemorado entusiasticamente pela esquerda institucional, longe de ser suficiente para dar um mínimo de condição de enfrentamento da pandemia para as trabalhadoras informais, não oferece nenhuma garantia de uma condição minimante digna. Longe disso, o pacote anunciado pelo centrão não chega nem a ser uma medida paliativa eficaz, já que não mantém nem mesmo a já precária condição das mulheres com emprego informal.
É preciso mobilizar os setores populares a combater o governo Bolsonaro. Uma coisa que já ficou óbvia é que não é possível confiar nos governos para combater a grave crise econômica que assola o país. Em vez de destinar os recursos do Estado para os setores que já sentem na pele os efeitos da crise, a política criminosa do governo é salvar os bancos e grandes capitalistas para garantir a manutenção dos lucros e dividendos. Dessa forma, não há saída para os trabalhadores na política de conciliação com os golpistas. Neste cenário alguns setores da esquerda prestam um grande desserviço quando afirmam que as medidas tomadas pelo governo golpista são uma vitória.
A política correta é mobilizar os setores populares em conselhos de saúde, para que haja uma paralisação de todos os setores econômicos até que sejam implementadas medidas eficazes de segurança, pela derrubada do governo Bolsonaro e o fim da espoliação dos recursos do povo pelos grandes capitalistas.