Enquanto o coronavírus avança livremente e inabalável entre os trabalhadores brasileiros, que foram negligenciados pelo golpista Bolsonaro e os governadores, os grandes capitalistas que apenas pensam em lucros, fazem de tudo para simplesmente normatizar ainda mais a rotina de todos, forçando no senso coletivo a ideia de que está na hora de retornar às aulas presenciais.
Se por um lado, a pandemia serviu de experimento para a já tão almejada educação à distância, que garante lucros exorbitantes a empresas pseudo-educacionais, as quais tratam o aprendizado como mera mercadoria, por outro lado, as aulas presenciais também servem como força motriz que desencadeia o funcionamento de vários outros setores econômicos, por isso o grande interesse em retomar também as aulas presenciais independente de como esteja a situação da contaminação entre a população, afinal se o trabalhador se infectar, ele que morra no SUS – que foi sucateado pelas medidas de destruição da saúde pública, promovidas desde o golpe de 2016, com Temer e Bolsonaro. Já os grandes milionários, ao contrário do trabalhador, têm direito aos melhores tratamentos em sistemas de saúde privados reservados apenas para eles.
O Brasil permanece com taxa altíssima de transmissão da doença, equivalente a 203 casos a cada 1 milhão de habitantes. O índice de transmissão foi de 1,30 em novembro, o maior desde o início da pandemia. Isso significa que a cada 100 pessoas contaminadas, mais 130 são infectadas. Tais índices mostram que o descontrole total da doença ainda é real e que o avanço entre os populares segue índices geométricos. Neste mês de dezembro, o índice de contaminação está em 1, 13, ou seja, a cada 100 contaminados, outros 113 são infectados. A doença apenas é considerada sob controle se este índice estiver abaixo de 1.
Mas se dados científicos divulgados mesmo nos grandes meios de comunicação apontam que não estamos no momento de reabrir as escolas, por que há tanta pressão contra a sociedade sugerindo o oposto? A resposta é simples e praticada por Bolsonaro e golpistas desde o início da pandemia: salvar a economia, manter o mercado financeiro girando normalmente, como se nada atípico estivesse acontecendo. E o pobre que morrer, a criança filha de trabalhador que se contaminar, não tem problema, pois para os ricos, os capitalistas, pobres não fazem falta, são facilmente substituíveis.
Frequentemente os defensores da reabertura das escolas usam como argumento o fato de que crianças e adolescentes são menos suscetíveis a desenvolver etapas graves da doença, que elas reagem melhor à contaminação e, frequentemente, são assintomáticas. Mas estes mesmos defensores fingem não saber que as escolas, principalmente as públicas, não têm a mínima estrutura para garantir protocolos básicos de distanciamento ou de higienização em uma situação como a atual. Também ignoram que estudantes e os trabalhadores da educação durante o deslocamento à escola, se expõem a inúmeras situações de contaminação, como ônibus, terminais e ruas lotadas. Esses indivíduos certamente se contaminariam no trajeto e propagariam a doença entre seus pares, no ambiente escolar. Além disso, também há crianças que apresentariam sintomas profundos da doenças, caso já possuam condições agravantes pré-existentes, nesta hora questiona-se, quem é o trabalhador que deseja arriscar descobrir se seu filho será o sorteado que apresentará sintomas profundos da doença?
Deste modo, entendemos que o retorno às aulas presenciais deverá acontecer apenas quando a epidemia estiver completamente estabilizada, com testes e vacinas para todos. Em nenhum lugar do país foi, até agora, assegurado aos filhos dos trabalhadores condições seguras de retorno às aulas. Ao contrário, As escolas públicas são frequentemente abandonadas pelos governantes para desmotivar a população a manter seus filhos matriculados nestas e para convencer a sociedade que o ensino deve ser privatizado e retirar essa responsabilidade do estado, fazendo com que a educação deixe de ser um direito de todos, mas apenas um serviço, o qual apenas usufruirá quem tiver dinheiro para pagar. Percebemos salas de aulas superlotadas, sem ventilação adequada, falta de recursos que assegurem higiene individual e, sobretudo, nenhum plano de vacinação, nem testes para todos, isso em todos os estados e municípios do país.
Nestas condições, não adianta os meios de comunicação patrocinados pelos burgueses, pelos ricos, pelos grandes empresários tentarem convencer a população que seus filhos devem ser cobaias de experimentos de reaberturas de escolas apenas para manter a economia girando com a única finalidade de garantir os lucros dos mais ricos. A população deve se organizar em Conselhos Estudantis e lutar com todas as armas existentes e possíveis contra qualquer governante bolsosnarista que tente jogar os estudantes para o abate deste modo. Os sindicatos devem abandonar a paralisia e se juntar aos conselhos estudantes, os quais devem garantir que o retorno às aulas presenciais só acontecerá com vacina e testes para todos, em que escolas tenham estruturas seguras que evitem a transmissão e valorização dos trabalhadores, com auxílio emergencial a todos os cidadãos, pois golpistas como bolsonaro e seus apoiadores do congresso e nos estados pouco estão se preocupando com o que acontece com os filhos dos trabalhadores.