Nessa quinta-feira (30) aconteceu mais uma atividade marcada pelo Movimento Passe Livre (MPL) em São Paulo. Dessa vez não foi convocada uma manifestação, mas um “escracho” em frente à Secretaria de Segurança Pública. Os atos anteriores já tinham sido bem esvaziados, com essa modalidade de manifestação “lúdica” inventada pela esquerda pequeno-burguesa a coisa foi ainda pior. Pouquíssimas pessoas compareceram à atividade.
Os atos exageradamente esvaziados do movimento merecem algumas considerações. Em quase todos os anos, desde a primeira década dos anos 2000, há algum tipo de manifestação pelo passe livre e contra o aumento da passagem até explodir nos atos de 2013 que, por uma política errada das direções do movimento da esquerda acabou sendo sequestrado pela direita. De todos esses anos, os atos desse início de 2020 devem ser os menores realizados, o que é contraditório diante de uma situação política favorável. Os atos esvaziados não condizem com a polarização política cada vez mais intensa no País.
O problema central se encontra justamente na política que está sendo levada adiante pelos grupos que organizam o movimento. Saudosos de 2013, os membros do Movimento Passe Livre procuram imitar os métodos usados naquele momento. Métodos, é preciso dizer, que se baseiam em preconceitos e incompreensões que são resultado de uma mistura de inexperiência por parte de alguns e muita demagogia por parte de outros. Na realidade, como é comum, os demagogos acabam envolvendo os inexperientes. Expliquemos melhor.
O MPL é um movimento de característica anarquista, embora seja composto por outros setores. O movimento adotou uma forma de ação que procura rejeitar todo o tipo de organização centralizada e qualquer tipo de orientação política. Para ficar em um exemplo: não se pode ter carro de som, para passar informações sobre o ato preferem fazer um jogral daqueles que aprendemos em brincadeira artísticas na escola primária, o resultado é que ninguém consegue saber direito o que está acontecendo. Mas isso é revelador sobre a própria concepção do grupo sobre o ato. Com esse método, o MPL sequer acha que a manifestação pode aumentar de tamanho, o que tornaria inviável esse método. E foi de fato o que ocorreu em 2013.
Em junho de 2013, quando o ato se transformou numa manifestação de massas não havia mais orientação política. Assim, a direita ficou com o caminho livre para tomar conta do ato.
Outro problema que precisa ser explicado claramente é a despolitização do ato. Não há uma relação clara nas convocações com os ataques dos golpistas, da necessidade de lutar contra a extrema-direita representada por Bolsonaro mas também o governador tucano João Doria e o prefeito Covas, que são os responsáveis diretos, no caso de São Paulo, pelo aumento da passagem.
A insistência nas pautas parciais, desvinculadas com o problema política geral, é um fator importante de desmobilização. Não precisa ir muito longe, basta lembrar que as últimas grandes mobilizações de massas foram contra o governo.
Para fazer justiça ao MPL é preciso também chamar a atenção para o completo boicote por parte dos partidos da esquerda pequeno-burguesa, notadamente aqueles que têm representação parlamentar. Nem PT, nem PCdoB nem Psol estão participando ativamente do ato, não estão chamando sua base para participar, nem apoiando, o que mostra que há uma política coordenada para fazer fracassarem os atos. Não dá para saber o motivo por trás disso, mas dá para suspeitar que tenha ligação com a política dessa esquerda de sustentar o regime político, esperando as eleições.
Diante de tudo isso, a Polícia Militar aproveita para reprimir os manifestantes, de maneira brutal e inclusive ilegal, impedindo os atos de acontecerem. Seria preciso uma mudança política brusca no movimento, uma mobilização ampla, convocando o povo a sair às ruas contra o aumento mas também contra os governos da extrema-direita.





