Diante da crise capitalista intensificada de forma extrema desde o golpe de 2016 que derrubou a presidenta Dilma Roussef, os assassinatos da população negra, que configura a maioria da população brasileira e a esmagadora maioria da classe operária, cresceram de forma imensa. De acordo com o DataSUS, as mortes de negros causadas por violência física cresceram entre 2011 e 2018 59%, já para os brancos o número foi 45 vezes menor! Diante da crise o povo negro é jogada em uma situação de calamidade em que impera a violência e a repressão pelas armas das forças assassinas da polícia.
Além das recentes divulgações do Data SUS, que esta para divulgar os números de 2019, diversas outras estatísticas revelam as terríveis condições em que se encontra a população negra brasileira. De acordo com o Atlas da Violência realizado pelo IPEA e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública entre 2008 e 2018 a taxa de homicídios entre negros (pretos e pardos) aumentou 11,5% enquanto para os não negros (brancos, amarelos e indígenas) teve uma queda de 12,9%. Em questão de proporção, os negros configuram 75,7% das vítimas, se o recorte for de jovens negros, entre 15 e 29 anos, o número chega a 53,3% do total!
Além da situação de miséria criada pelo regime golpista e pelo próprio capitalismo o maior responsável pelos assassinatos em massa da população negra são as forças de repressão, em especial a polícia militar. Em plena pandemia de Covid-19 o número de assassinatos realizados pela PM foi 7% maior no primeiro semestre de 2020 do que em 2019, passando de 3000 pessoas, é importante lembrar que assim como os números de mortos pelo covid-19 os números de mortos pela PM são subnotificados sistematicamente.
Em casos como Rio de Janeiro, onde a PM bate recordes assassinando 5 pessoas todos os dias nos piores meses, a polícia, que configura menos de 0,3% da população do estado, realizou um terço, dos assassinatos! Mas outros estados apresentam proporcionalmente números próximos aos do Rio de Janeiro como Bahia, Sergipe, Pará e Amapá, este ultimo tendo a polícia mais violenta com uma taxa de 8,1 para cada 100 mil habitantes (em comparação com 4,5 no RJ), número que pode se relacionar diretamente com o estado de crise em que vive o estado como se pode observar com o apagão de 3 semanas causado pela política criminosa de privatização da energia elétrica.
O nível de violência da PM é tão alto que quase todas as semanas há notícias de crianças assassinadas pela polícia, o último caso aconteceu no sábado (05/12) em que a PM assassinou duas meninas negras, de 4 e 7 anos de idade, em Duque de Caxias, periferia do Rio de Janeiro. A população, assim como no assassinato de George Floyd nos EUA e de João Alberto no Carrefour, se revoltou e marcou uma manifestação para dia seguinte.
O povo brasileiro, majoritariamente negro, que sofre a extrema violência da PM se mostra à frente da maior parte das organizações de esquerda que vão contra esses tipos de manifestação, como o militante do PCB Jones Manoel, que tentou desmobilizar os atos após o assassinato de João Alberto. Contudo o caminho para se por um fim a violência é justamente o caminho apresentado pela população de Duque de Caxias, se mobilizar contra a milícia fascista assassina do povo negro e da classe trabalhadora em geral, é preciso lutar pelo fim imediato da polícia militar.