A pandemia do coronavírus não poderia ter ocorrido em pior hora para o capitalismo mundial. Ainda sob o rescaldo da crise de 2008, nunca superada, o período anterior à pandemia já se avizinhava com nuvens extremamente carregadas e incertas do seu poder destrutivo. Muitos analistas da própria burguesia já apontavam a retomada da crise de 2008 em um curto espaço de temo e diante disso, um futuro tenebroso e sombrio. O coronavírus não deixou chegar o futuro.
Uma das molas mestras encontrada pelo imperialismo depois da crise de 2008 foi a de intensificar a espoliação dos países atrasados. No Brasil, assim como em muitos outros países, a avidez pela rapinagem rápida e fácil foi acompanhada de um golpe de Estado.
Quem ainda tinha pesadelos com os anos vividos sob o primeira onda neoliberal ocorrida durante os governos de Fernando Henrique Cardoso, está vivenciando que a história quando se repete é verdadeiramente uma grande farsa.
Em nome do emprego, do desenvolvimento nacional, da construção de um grande País, FHC promoveu justamente o inverso, desemprego, entrega do patrimônio nacional, muita fome e o País mais endividado do que quando ele assumiu.
Bolsonaro nem precisou assumir para que o povo já começasse a clamar pela derrubada de um governo que ainda estava por vir. E a realidade não tardou a se impor. Se com FHC foi uma tragédia, com Bolsonaro foi uma farsa escancarada. A ordem é entregar tudo à rapinagem e sequer promessas o seu governo é capaz de apresentar.
Assim como no mundo, o Coronavírus chegou ao Brasil como uma bomba de efeito devastador e não para o povo. O povo não está na conta do capital ou só está na medida que possa colocar em risco os interesses do capital. A crise está colocando em risco a própria existência do capitalismo. E o que fazer?
Afora descarregar a crise sobre as costas dos explorados e no Brasil têm feito isso com maestria, até porque a esquerda é um “zero à esquerda”, mas mesmo as migalhas para a ralé e os trilhões para banqueiros e grandes capitalistas já se mostraram absolutamente insuficientes em apontar pelo menos uma pequena luz no fim do túnel e isso não é só no Brasil.
Esse dilema é o que atravessa a burguesia nacional – até ontem praticamente todos estavam unidos como sócios menores dos interesses imperialistas – e hoje já se vê uma nítida divisão. É cada vez mais plausível a queda de Paulo Guedes – o funcionário que garante a rapinagem. Já se aventa até uma guinada na política econômica do governo. Tem até ministro lançando o “plano Marshall brasileiro” para o período pós pandemia.
Tem de tudo nesse País. Tem uma burguesia que defende o regime fiscal de Paulo Guedes, tem a burguesia ávida pela intervenção do Estado para garantir sua sobrevivência, tem os estados falidos diante da mais grave crise sanitária e de saúde do século e tem até uma esquerda que assiste passivamente a tudo isso resguardadas em seus sacrossantos lares. Só não tem lugar para o povo, este está à míngua.