A pandemia do coronavirus e a queda na atividade econômica acertou em cheio os artistas. Em Santa Catarina, desde que se iniciou o isolamento, aproximadamente 15 mil atividades artísticas foram adiadas ou canceladas, segundo constatação do Conselho Estadual de Cultura. Muitos artistas têm seus rendimentos diretamente ligados à execução de projetos e participação em editais do poder público.
A situação de Santa Catarina é um reflexo da situação geral do país. Em todos os lugares, os artistas estão sem qualquer perspectiva de retomada de suas atividades. Não há previsão para realização de shows e apresentações, bem como de cursos e oficinas. Os bares, locais onde músicas costumam se apresentar, estão todos fechados ou vazios. Teatros estão suspensos. Os artistas de rua não estão podendo se apresentar.
É absolutamente necessário que a categoria dos artistas se junte ao povo para lutar por medidas que respondam às suas necessidades, como medidas efetivas para combate à pandemia na área da saúde e auxílio financeiro para sobreviver em meio à grave situação do país. O eixo central da luta tem que ser a derrubada do governo Jair Bolsonaro, grande responsável pela situação.
Se campanhas de arrecadação por meio de doações na internet ajudam, o fato é que elas não são uma resposta eficaz para resolver os problemas da sociedade. Somente a mobilização do povo nas ruas, sob a base de um programa de reivindicações, pode apresentar uma alternativa no sentido de atender às demandas populares.
Em geral, a classe dos artistas possui grande poder de influência na sociedade. Por trabalharem diretamente com o público, suas opiniões e concepções costumam encontrar eco em grande número de pessoas, na juventude e nos setores mais cultos. Em um momento onde o país se afunda no caos, é inadmissível que os artistas não se engagem nas causas populares. A mobilização dos artistas pode ajudar a impulsionar uma mobilização geral.
A situação econômica golpeia duramente os artistas. Contudo, desde que tomou posse de forma fraudulenta na Presidência da República, Bolsonaro tem se dedicado a apresentar uma série de medidas que vão no caminho de estabelecer a censura e o controle ideológico – e policial – da atividade artística. Em diversas ocasiões, o presidente fascista sinalizou que pretende promover uma arte enquadrada dentro de uma visão conservadora e combater toda a arte de conteúdo crítico, rotulada como “marxismo cultural”, “arte esquerdista”. Quando assunto é sexualidade e gênero, Bolsonaro utiliza o termo “ideologia de gênero” e busca difundir a ideia pelas redes sociais de que os artistas querem perverter as crianças, ensinar pedofilia e afins.
Em relação à Secretaria de Cultura, sob gestão da bolsonarista Cristina Duarte, não se tem notícias das medidas que estão sendo tomadas para amparar os artistas. Se é que está sendo feito alguma coisa, o que não parece ser realidade.





