Anita Malfatti foi uma grande artista das artes plásticas de todos os tempos, paulista nascida em 1889, foi filha de pai italiano e mãe norte-americana. Nasceu com uma condição congênita que atrofiou seu membro superior direito. Apesar das dificuldades, Iniciou seu estudos em São Paulo e muito jovem se formou normalista. Após a morte de seu pai, a condição financeira da família piorou, logo, sua mãe passou a ministrar aulas de desenho e pintura. Enquanto isso, a vida da jovem se resumia a acompanhar quase que exclusivamente sua mãe, com isso, teve sua iniciação as técnicas das artes plásticas.
Muito jovem, tinha amigas próximas que pretendiam viajar à Alemanha, até então o Centro Musical da Europa, para estudar música. Financiada por seu tio Jorge Krug, a futura artista as segue e lá é recomendada para estudar com Fritz Burger, um retratista que utilizava as técnicas do pontilhismo. Nessa época também ingressa na Belas Artes de Berlim e teve aulas com Lovis Corinth, seu primeiro mestre e fonte de inspiração pelo Expressionismo, desejando aprender seus conceitos e técnicas. Contudo, seus estudos foram interrompidos em 1913 por conta da iminente guerra que se aproximava, e portanto, Anita decide voltar ao Brasil passando por Paris.
Como boa parte dos artistas da época, Anita buscou viajar à Paris para estudar. Porém, com poucas condições, a artista fez sua primeira amostra de arte em exposição individual para expor sua arte ao Pensionato Artístico e conquistar uma bolsa de estudos, porém sua arte foi muito criticada e não foi possível custear assim os estudos. Apesar de tudo vai ao Estados Unidos, custeada novamente por seu tio. Em Nova Iorque, estudou na tradicional Art’s Student League, porém passou de professor em professor buscando liberdade artística, até conhecer Homer Boss que leciona na Independent School of Art.
Após diversas experiências, entre elas a inspiração para compor a obra O farol, Anita decide voltar ao Brasil e se propõe uma segunda exposição individual que foi duramente criticada por Monteiro Lobato no jornal O Estado de S.Paulo e resultou na devolução quase integral de suas obras. Porém, a resposta ao artigo “Paranoia ou Mistificação?” de Lobato se materializou na construção de um grupo de vanguarda do modernismo brasileiro, o grupo dos cinco, e na realização da Semana de Arte Moderna de 1922, ou seja, os artistas se organizaram ativamente pela superação das críticas dos artistas consolidados, e ainda defensores dos ideias retrógrados da época, propondo a liberdade artística. Com o tempo, o grupo aumentou e deu origem a diversos movimentos internacionalmente conhecidos.
A história de Anita Malfatti demonstra as dificuldades do artista que desafia as ideias vigentes, tanto do ponto de vista acadêmico, quanto do ponto de vista mais geral. A obra e sua crítica tem papel fundamental na organização da semana de Arte Moderna de 22. É preciso refletirmos sobre a história dessa grande artista brasileira e internacional e entendermos a importância de lutar pela arte independente. Só assim é possível que a oposição entre o capitalismo e a expressão artística seja explicitada e possamos nos reunir em torno de uma arte independente e revolucionária.