Na análise internacional, programa transmitido na COTV com a participação de Rui Costa Pimenta, foi abordado o problema do desenvolvimento da luta política na América Latina.
Nesse sentido, Rui Costa Pimenta explicou os pontos essenciais e pontuou sobre a política correta a ser seguida em todo continente.
O imperialismo mudou de política?
“O imperialismo não mudou sua política”, explica Rui. Um exemplo deste problema é o próprio Brasil. Na análise Rui sintetiza:
“O regime político brasileiro nas eleições se inclinou de maneira bastante acentuada à direita. Os partidos que mais cresceram são aqueles que tendem à extrema-direita (…) e do ponto de vista dos partidos burgueses, aqueles que mais perderam foram aqueles que se colocaram à ‘esquerda’ da política burguesa, como PDT, PSB, etc. (…) Se nós deixarmos a esquerda de fora, que em grande parte são de partidos pequeno-burgueses, o que veremos é que a burguesia, se deslocou de maneira notável para a direita. Isso comprova que na realidade o processo político brasileiro se encaminha na constituição de um governo muito autoritário, que poderá chegar a uma ditadura aberta”
Tomando como exemplo o principal país da América Latina, como explica Rui, “podemos usar como exemplo no que acontece na América Latina”. No Equador, onde a mobilização foi controlada pela direita, o governo colocou na ilegalidade o partido de Rafael Correa. Já nos países onde aparecem uma suposta mudança, como no caso do Chile, há na realidade mudanças, como na constituinte, totalmente condicionadas aos interesses da burguesia. Ou seja, não há uma reversão do golpismo na América Latina.
As reviravoltas eleitorais, são um resultado das eleições?
Em outros casos, como o governo da Bolívia e Argentina, representam um acordo dos setores mais direitistas da esquerda com a burguesia, frente a mobilização população.
Na Bolívia “Os golpistas ficaram acuados com a mobilização popular (…) diante dessa enorme mobilização, a burguesia deu um passo atrás e firmou um compromisso com a ala direita do MAS, que se compromete em fazer um governo de ‘unidade nacional’, ou seja, com os próprios golpistas (…). Arce falou que Evo Morales não terá nenhuma participação no governo”, explica o presidente do PCO.
Esse tipo de governo só abre possibilidade para mais uma operação golpista, graças ao choque de interesses com a própria população.
Já na Argentina chegou-se um acordo com um elemento muito conservador, do já direitista peronismo. “Agora, diante do avanço da crise, passa haver um desentendimento entre a vice e o presidente, e o governo encaminha-se para uma nova etapa de crise”. Ou seja, como indica Rui “Não se trata de uma mudança de política, mas sim um recuo, naqueles lugares onde a burguesia perdeu o controle da situação”.
“Se não ouvesse eleições, o governo seria derrubado pela mobilização popular”, prossegue Rui.
Qual a perspectiva dos governos de esquerda?
A primeira conclusão que deve-se tirar sobre a mobilização popular é que está é o que irá mudar o panorama político. A revolta popular dentro desses países é um fator que está diretamente ligado a situação política do continente. Na análise internacional, Rui pontua que:
“Nós tivemos na América Latina uma situação peculiar. A partir de 2008 a economia capitalista entrou em uma espiral de crise muito profunda. Essa espiral não atingiu de maneira muito dura o continente pois ele estava em um crescimento pela vende de comodites. Passado essa situação, todos os países ficaram em uma situação muito crítica, que geraram vários casos de mobilização popular. A insatisfação popular, como no caso da Bolívia, se manifestou contra o golpe de Estado(…). Com a pandemia a situação ficou muito pior, no Brasil a direita brasileira tratou de estabelecer um auxilio para evitar um franco colapso do regime politico. Agora, esse auxilio está sendo suprimido, pois o Estado não aguenta sustentar os capitalistas falidos ao mesmo tempo que sustenta, de maneira extremamente baixa, a população”.
Graças a esses fatores, não há uma perspectiva de recuperação econômica. O continente está colocado um panorama onde em um polo há uma forte revolta popular, e no outro, o golpismo e o fascismo da burguesia.
“O grande problema da rebelião popular, é que a esquerda busca se apoiar na revolta para entrar em um acordo com a direita, preservando o regime político (…) a tarefa do momento, é impulsionar essa revolta popular, tornando-o um movimento independente da burguesia, que aponte para a constituição de um governo de trabalhadores”, explica Rui.
Dessa maneira, percebe-se que a situação na América Latina só sofrerá de uma mudança positiva aos trabalhadores caso haja de fato uma mobilização e seja efetivada a derrubada dos golpistas. Caso contrário, o imperialismo tende a se reorganizar, e lançar-se em uma nova ofensiva contra a população.