A primeira morte pela infecção do coronavírus foi registrada no dia 17 de março, um idoso de São Paulo de 62 anos. O total de casos oficiais no país totaliza 393 doentes, com uma previsão de 5 mil em apenas dez dias. O avanço inexorável da pandemia vai afetar o dia a dia de toda a população em todos os sentidos.
Alegando a prevenção no avanço da doença muitos eventos culturais foram cancelados ou suspensos. Espaços em São Paulo como o MASP, CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), Itaú Cultural, Instituto Tomie Ohtake, Auditório Ibirapuera, Centro Cultural Fiesp e Farol Santander anunciaram fechamento por tempo indeterminado.
Outros espaços como a Pinacoteca do Estado de SP, Museu do Futebol, Biblioteca Mário de Andrade, Teatro Sérgio Cardoso, Teatro João Caetano e todas as unidades do SESC anunciaram suspensão de atividades até o dia 31 de março.
Vários shows nacionais e internacionais foram adiados ou cancelados como os de Maria Bethânia, Elza Soares, Renaissance, McFly, The Offspring, Lindsey Stirling e Backstreet Boys, além do adiamento do festival Lollapalooza, que ocorreria em abril e foi remarcado para dezembro.
Outros festivais de música e teatro foram afetados como o festival de teatro de Curitiba, que iria acontecer em 70 palcos por toda a cidade. Seria realizado entre março e abril, mas foi adiado para setembro. A tradicional Virada Cultural de São Paulo, que no ano passado chegou a atrair 5 milhões de pessoas ficou para uma data futura.
Futebol
No futebol foram suspensos todos os campeonatos estaduais e nacionais incluindo a Copa do Brasil, campeonatos femininos e competições sub-17 e sub-20. O clássico entre São Paulo e Santos no sábado dia 14 foi realizado sem a presença das torcidas.
Em São Paulo o prefeito Bruno Covas suspendeu o programa que fechava a Avenida Paulista para a circulação de veículos aos domingos e que se tornava uma das mais movimentadas áreas de lazer da região. Por determinação da prefeitura todos os eventos com mais de 500 pessoas estão suspensos.
Pretexto para ataque à cultura
Por trás da fachada da contenção da disseminação do coronavírus está o aprofundamento do ataque à cultura pelo governo de extrema direita de Bolsonaro.
Desde o início o governo vem promovendo uma série de ataques a diversos programas de incentivo na área da cultura. Um dos primeiros alvos de Bolsonaro foi a lei Rouanet, que ele descrevia como “Essa desgraça…virou aquela festa que todo mundo sabe, cooptando a classe artística, pessoas famosas para apoiar o governo. Quantas vezes vocês viram figurões, não vou falar o nome, não, figurões defendendo ‘Lula livre’, ‘viva Che Guevara’, o ‘socialismo é o que interessa’ em troca da Lei Rouanet?”.
Em janeiro deste ano Bolsonaro vetou um projeto de lei que servia para incentivar a atividade cinematográfica, criando isenções para a abertura de salas de cinema em cidades pequenas, além de dar incentivo fiscal para projetos de novos filmes.
Vale lembrar o exemplo do filme “Marighella” de Wagner Moura, que estreou em fevereiro de 2019 em Berlim, mas que nunca chegou a estrear por aqui por uma série de entraves burocráticos impostos pelo governo e que continua sem data de estreia.
O carnaval deste ano mostrou que o chamado de Fora Bolsonaro está presente na garganta do povo. Por isso a direita sabe que é necessário reprimir todo e qualquer ajuntamento de pessoas. O jogo de futebol entre São Paulo e Santos sem torcida é um sintoma claro da vontade da direita: o entretenimento sem perigo, ou seja, sem público.
Nesse sentido ficou evidente o enorme erro das esquerdas como a CUT e a UNE que cancelaram as manifestações do dia 18 de março contra Bolsonaro, substituindo-o por um inócuo panelaço. A única coisa que o governo fascista teme é a força que o povo manifesta nas ruas. Contra isso não há fascismo que resista




