Esquerda deve sair às ruas!

A esquerda fora do jogo eleitoral

A burguesia usou de sua tática clássica de falsificação da realidade por meio da imprensa assim como da ditadura do judiciário para remover a esquerda e fortalecer o “centrão”

Passado o primeiro turno das eleições municipais de 2020, as mais antidemocráticas desde a ditadura militar, o que já estava previsto não só pelo PCO como por outros partidos se concretizou, uma grande derrota da esquerda nas cidades mais importantes do Brasil, as 26 capitais estaduais. Em apenas 5 dessas cidades a esquerda conseguiu ir para a segundo turno, mas em nenhuma delas ganhou votos para se manter em primeiro lugar, além disso só existe alguma probabilidade de vitória em três delas Porto Alegre, Recife e São Paulo.

A esquerda nessas eleições passou de 337 prefeituras conquistadas em 2016 para 223 em 2020, no primeiro turno, uma redução de 33,83%. O PT elegeu 254 prefeitos no 1º turno de 2016, contra 174 em 2020, uma queda de 31,50%. O PCdoB foi de 81 para 45, menos 44,44%. O PSOL subiu de duas para quatro prefeituras.

No mês de agosto de 2020 os presidentes do PCO, PT, PCdoB e PSOL realizaram um debate proporcionado pelas imprensas de esquerda Brasil 247, DCM e Revista Fórum. Neste momento eles já deixavam claro que a conjuntura para a esquerda era drástica com chance real de vitória em pouquíssimas cidades. Neste mesmo debate foi feito pela primeira vez pelo presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, a proposta de unificar a esquerda em torna da candidatura de Lula além é claro da luta pelo Fora Bolsonaro. O PCO adotou essa campanha e a manteve como sua principal política durante as eleições, já os outros partidos adentraram neste jogo marcado para a derrota como se não estivéssemos em meio a um golpe de Estado com eleições cada vez mais fraudulentas.

A burguesia aplicou a sua política de fortalecimento da frente ampla favorecendo os candidatos do “centrão” que foram os grandes vencedores desta eleição, derrotando em quase todos os estados os candidatos bolsonaristas. Ao mesmo tempo se iniciou a manobra para fortalecer a esquerda frente amplista, o que significa isolar cada vez mais o PT, principalmente sua ala Lulista, para garantir que a esquerda fique a reboque da direita golpista nas eleições de 2022. Desta forma o PT, maior partido de esquerda da América Latina, só ira disputar o segundo turno em Vitória e em Recife, onde tem uma chance maior de vencer. O PSOL disputa em Belém e São Paulo e o PCdoB disputa em Porto Alegre.

As manobras usadas pela burguesia para derrotar a esquerda foram diversas, em Fortaleza e em Salvador, onde os governadores são da ala direita do PT, os candidatos do partido tiveram sua candidatura boicotadas. No Ceará a oligarquia Ferreira Gomes, de qual um dos principais coronéis é o abutre golpista Ciro Gomes, tem o controle do governador do PT que assim apoiou o candidato do PDT. Em salvador a candidata do PT foi uma PM oriunda da extrema direita (obviamente), ou seja, totalmente impopular e também boicotada pelo governador Rui Costa, uma das figuras mais direitistas do partido.

No Rio de Janeiro onde o PSOL tradicionalmente possuía as candidaturas mais fortes a prefeitura, principalmente por meio da figura de Marcelo Freixo, que chegou até a ter apoio da rede globo em 2016 contra o bispo fascista Crivella. Freixo abdicou de sua candidatura para apoiar Paes do DEM, partido da ditadura militar, assim pulando de cabeça na política da frente com os golpistas. Sem o PSOL no caminho o PT pode crescer e Benedita uma das candidatas mais populares do partido na cidade estava cotada para ir ao segundo turno, assim foi necessário para a burguesia aplicar mais um golpe.

Ao estilo do que foi feito com Ciro Gomes em 2018 uma candidata do PDT foi inflada artificialmente para tirar os votos de Benedita, o argumento é que ela seria a mais possível de vencer Crivella ou Paes, algo completamente inventado pela imprensa burguesa para confundir os cariocas. Esta manobra somada à ditadura do judiciário que se instaurou em todo o país foi capaz de dividir os votos de Benedita e tirá-la do segundo turno.

Em Recife a candidata Marília Arraes era a favorita para vencer desde que cogitou sua candidatura, mesmo assim ela sofreu inúmeros boicotes da ala direita do PT, assim como ocorreu em 2018, e o estado de Pernambuco passou por uma ditadura de 2 semanas para impedir que as mobilizações de rua garantissem sua vitória, mesmo a assim ela foi para o segundo turno com uma expressiva votação. Já em Porto Alegre Manuela d’Avila foi a principal candidata da esquerda, e não disputou votos com os outros grandes partidos, mesmo assim não foi a mais votada, mas esta no segundo turno.

Por fim a cidade mais importante do país São Paulos teve a maior manobra da burguesia para anular o PT, a candidatura de Guilherme Boulos, amplamente apoiada pela imprensa golpista. Não só isso como a cidade teve uma das mais estranhas apurações de votos com uma pausa que atrasou em horas a contagem em relação aos outros estados com desculpas um tanto estranhos do TSE, tribunal especializado em sabotar a esquerda nas eleições. Assim na cidade em que o PT mais possui filiados e uma presença histórica de lutas tendo vencido a prefeitura por três vezes seu candidato não conseguiu ir para o segundo turno sendo substituído pela esquerda que é apoiada pela Folha de São Paulo, Guilherme Boulos.

O regime golpista que se iniciou com a derrubada da presidenta Dilma conforme vai destruindo completamente o país se torna cada vez mais autoritário. Quanto mais cresce a polarização mais antidemocráticas devem ser as eleições para que a esquerda seja sempre derrotada e se mantenha o domínio total da burguesia. As manobras tradicionais de falsificação da realidade criada pela imprensa burguesa se somam cada vez mais a uma ditadura criada pelo judiciário durante as eleições e também por uma direitização de setores da esquerda que aderem a frente ampla, em suposta oposição à Bolsonaro, com os golpistas, que colocaram Bolsonaro no governo.

O resultado não é só que a esquerda perdeu em 21 capitais e não tem garantia nenhuma de que ira vencer nas 5 que restam, os próprios setores da esquerda que restam, com poucas exceções são os que estão mais alinhados com os partidos que aplicam a política de destruição nacional da burguesia. Sua vitória mudaria pouco, para não dizer nada, na luta mais relevante do atual momento que é a luta para derrubar Bolsonaro e todo o regime golpista.

A retirada da esquerda do jogo eleitoral pode ser considerada uma derrota visto que amplia os poderes da burguesia no Estado, contudo é uma sinalização clara de onde é o real lugar da esquerda, nas ruas. A única saída é a mobilização pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas, e uma política de união de todas as organizações da esquerda em defesa de novas eleições com Lula candidato.

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