Na zona rural de Timbiras, no Maranhão, território de Campestre, 400 familias de duas comunidades de trabalhadores da agricultura familiar estão sob ameaça de latifundiários, sob o risco de perderem seus bens e terras.
A população de Marmorana e Santa Vitória, comunidades que vivem há mais de 40 anos no território e lutam pelo reconhecimento da terra, claramente ocupado pelo trabalho da roça de grãos e cereais, como feijão, arroz, milho, batata, mandioca, também do trabalho com frutas nativas e animais, mas sobretudo do extrativismo do babaçú, estão sendo intimidadas pelo invasor das terras, identificado como Cícero Armando Sampaio.
Terras que há 21 anos atrás, o Incra – Instituto de Colonização e Reforma Agrária – instaurou um procedimento administrativo a favor de Marmorama, Santa Vitória e vizinhos, pela desapropriação das terras. Porém, após o golpe de Estado de 2016, todos os processos no sentido da Reforma Agrária e da igualdade econômica e política foram postos em xeque, em condição de revogação.
Em setembro deste ano, em pleno bolsonarismo, Armando e mais invasores alegaram serem donos do povoado, possuidores das terras e impuseram a expulsão das 400 famílias.
O desdobramento do acirramento do conflito foi em outubro (19), quando um grupo armado invadiu as terras de Santa Vitória e sob suposta ordem de Cícero Armando Sampaio, alterar o traçado das estradas locais com maquinário pesado. Os trabalhadores, em contrapartida registraram um boletim de ocorrência policial. Obviamente que vias institucionais, sobretudo policial, somente serviu para trazer à tona o conflito, mas não solucionará à favor da classe trabalhadora.
Desde o golpe, toda ‘solidez’ dos direitos constitucionais cairam sob terra. O método da “vista grossa” traçado pelos golpistas para surrupiarem os direitos e conquistas da classe trabalhadora, passou à total legitimação, facilitado e agravado inclusive neste ano com a pandemia mundial do coronavírus, claramente apontado pelo próprio Ministro do Meio Ambiente, na reunião ministerial de março:
“Vamos aproveitar para passar a boiada” – Ricardo Salles, MMA.
Dessa maneira, a política correta para as comunidades do território de Campestre, é a mesma proposta pelo Partido da Causa Operária para os tantos movimentos e organizações rurais sem terra: a formação de comitês de autodefesa, armados, em torno de uma política revolucionária, combativa contra o golpe Estado, por fora Bolsonaro e por um governo dos trabalhadores, com Lula na presidência da República.
Se os latifundiários estão armados para assassinar os sem terra, estes também devem poder se armar para se proteger da repressão fascista no campo, que aumenta a cada dia.
O armamento popular sempre foi uma reivindicação democrática para que o povo tenha como se defender da repressão do Estado. É preciso fortalecer a aliança de operários e camponeses, formando comitês de luta contra o golpe e comitês de autodefesa no campo. Os sem terra são o grupo mais violentamente atacado e indefeso dentre as classes populares. Para tanto é preciso mobilizar, utilizar todo imprensa de esquerda, partidária e revolucionária para denunciar os avanços dos invasores e materialmente, pelos comitês, estabelecer por meio da força um limite claro entre as terras das comunidades e os criminosos latifundiários.