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O pretexto para a liquidação!

27/03/1886: nasce Serguei Kirov, bolchevique assassinado por Stalin

A morte de Kirov servira de pretexto para dar início a caçada implacável da Oposição de Esquerda, grupo liderado por Trótski, que lutava contra a política contrarrevolucionária.

Serguei Mironovich Kostrik – mais conhecido por Serguei Kirov – destacado revolucionário russo e político soviético nascera no dia 27 de março de 1886. Kirov fora membro do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética e figura política proeminente em Leningrado até ser assassinado – a mando de Stalin – por Leonid Nikolaev, agente da GPU [1], no Instituto Smolny, em dezembro de 1934. Kirov iniciara-se na militância cedo, aos 19 anos, participando da primeira revolução russa de 1905, sendo, portanto, preso em decorrência das atividades políticas. Em seguida, Kirov cerraria fileiras na fração bolchevique do Partido.

De início, o assassinato de Kirov permanecera um mistério que duraria por várias semanas. Era sabido que havia, por parte do aparelho estatal soviético, despacho oficial referente à execução como uma medida repressiva, porém, de algumas dezenas de terroristas [emigrantes brancos que adentravam a URSS pela Polônia, Romênia e outros estados limítrofes]. No entanto, o arremate a que se chegou foi que o assassino de Kirov pertencia à mesma organização terrorista contrarrevolucionária.

Tudo começara em 1926 – quando a aliança dos stalinistas com a ala direita do Partido chefiada por Bukarin, Rikov e Tomsky sairia vitoriosa logo após ter derrotado a Oposição Unificada [2], resultando na remoção de Zinoviev da direção de Leningrado. Como efeito da derrota, Zinoviev e Kamenev trataram de adular a camarilha stalinista – capitulando quase imediatamente. Os dois dirigentes, assim que deram uma guinada à direita, trataram de pedir aos seus apoiadores que seguissem o exemplo, isto é, que abandonassem a velha escola de Lenin e enveredassem pela linha contra-revolucionária norteada pelo stalinismo. Após perderem a bússola do leninismo e aderirem à política direitista da igrejinha Stalin-Bukarin, Zinoviev e Kamenev escreveram cartas abertas suplicando suas respectivas readmissões no Partido Comunista. Em seu texto intitulado “A burocracia stalinista e o assassinato de Kirov”, Trótski aponta que em 1926 toda a organização partidária de Leningrado, com muito poucas exceções, pertenciam à oposição de Zinoviev; tendo todos, posteriormente, capitulado de maneira decisiva e humilhante.

Embora a farsa stalinista tenha afirmado que o assassinato de Kirov fosse fruto de um complô trotskista e zinovievista como parte de um plano para restaurar o capitalismo na URSS, a verdade é que a morte de Kirov servira de pretexto para dar início a caçada implacável da Oposição de Esquerda, grupo liderado por Trótski, que lutava contra a política contrarrevolucionária, buscando preservar o legado leninista dentro do partido comunista. Afinal, Trótski fora um dos poucos a reconhecer as limitações e perigos da NEP [3].

“Contudo, é evidente que essas informações referentes ao ‘grupo Zinoviev’ não foram lançadas acidentalmente; só podem significar que são a preparação de um ‘amalgama’ jurídico, isto é, uma tentativa conscientemente falsa de implicar no assassinato de Kirov a outros indivíduos e grupos que não têm nem podem ter nada em comum com o ato terrorista”, complementa Trótski.

De acordo com a análise de Trótski, “Zinoviev e Kamenev não são tontos. No mínimo entendem que a restauração do capitalismo significaria antes de mais nada o extermínio de toda a geração que fez a revolução, incluídos, obviamente, eles mesmos. Em consequência, não cabe a menor dúvida que a acusação engendrada por Stalin contra o grupo de Zinoviev é totalmente fraudulenta, tanto no que se refere ao objetivo especificado, a restauração do capitalismo, quanto aos meios, os atos terroristas”, reafirma.

A perseguição aos membros da Oposição de Esquerda era sistemática. O documento de Trótski revela que em 1927 a GPU teria enviado um de seus agentes oficiais que havia lutado no exército de Wrangel [líder do Exército Branco] para reprimir um jovem que estava distribuindo os documentos da Oposição de Esquerda. Por conseguinte, a GPU passou acusar toda a oposição de manter relações não com o agente da GPU, mas com um “Oficial Wrangel”.

Já no exílio, Leon Trótsky, em documento, afirma que o assassinato de Kirov teria sido instigado por Stalin, o qual o considerava como perigoso rival na condução do partido, e fosse qual fosse o exato papel de Stalin na morte de Kirov, valeu-se do assassinato como pretexto para promover o expurgo dos seus oponentes no partido, no governo, nas forças armadas e na ‘intelligentsia’.

[1] GPU: Órgãos de segurança, criados em 6 de Fevereiro de 1922 por proposta de V.I. Lénine, que sucederam à Tcheka (Comissão Extraordinária de Toda a Rússia para o Combate à Contra-Revolução e Sabotagem) constituída em Dezembro de 1917. Ao contrário da Tcheka, que dependia diretamente do governo soviético, a GPU foi criada no âmbito do Ministério dos Assuntos Internos (NKVD) da Rússia, bem como de outras repúblicas.

[2] Oposição Unificada: Fração dentro do Partido Comunista, constituída em 1926, que agrupava os membros da Oposição de Esquerda (liderada por Trotski, Preobrajenski, Radek, entre outros), que conta com a incorporação à oposição de lideranças do Partido, como Kruspkaia, e do grupo zinovievista (liderados por Zinoviev e Kamenev).

[3] NEP: Foi a política econômica iniciada em 1921, com a coletivização e renacionalização forçada dos meios de produção, até a ascensão de Stalin em 1928. A NEP, por sua vez, permitiu o aumento dos componentes capitalistas na economia, permitindo, também, o comércio privado, a indústria capitalista privada; o que resultou no incremento dos camponeses ricos (culaques), o arrendamento de terra e a utilização do trabalho assalariado.

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