Há exatos 77 anos, no auge da ascensão nazista, se concretizou a primeira de muitas queimas de livros, considerados anti-nazistas ou “anti-alemães” pela União dos Estudantes Alemães, a DSt em alemão. Responsável por uma campanha que abrangeu toda a Alemanha e a Áustria e proclamava ser uma “ação contra o espírito não-alemão” e considerava o ato como uma “limpeza” pelo fogo.
No próprio dia 10 de maio, o ato ocorreu em 34 cidades, somente na praça da Ópera Estadual de Berlim foram queimados 25 mil livros, a maioria eram saqueadas de bibliotecas públicas, sendo as obras dos revolucionários comunistas Karl Marx e Karl Kautsky, as primeiras a serem expurgadas.
As queimas eram verdadeiros atos que deveriam ser minuciosamente organizados, articulados com a imprensa local e propagandeando figuras nazistas. Eram seguidos de marchas e cânticos contra o “espírito não-alemão” e juramentos de fogo. As listas negras definidas pelos nazistas incluíam diversos autores, alguns em nada tinha de política em suas obras, mas foi prioridade qualquer influência política da social democracia e, principalmente, dos comunistas e de autores judeus, como:
Isaac Bebel, Eduard Bernstein, Heirinch Heine, Franz Kafka, Hugo Preuss e Walter Rathenau a Albert Einstein, Sigmund Freud, Bertold Brecht, Brod, Döblin, Kaiser, os irmãos Mann, Zweig, Plievier, Ossietzky, Remarque, Schnitzler e Tucholsky, Barlach, Bergengruen, Broch, Hoffmannsthal, Kästner, Kasack, Kesten, Kraus, Lasker-Schüler, Unruh, Werfel, Zuckmayer e Hermann Hesse.
Nesse dia em Berlim se reuniram cerca de 40.000 pessoas que ouviram, entre outros, o discurso do ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, que disse:
“Não à decadência e à corrupção moral!”
“Sim, à decência e à moralidade na família e no estado! Entrego às chamas os escritos de Heinrich Mann, Ernst Glaeser, Erich Kästner.”