No dia 6 de maio de 1659, chegavam ao fim os dias de Richard Cromwell como o homem mais poderoso da Inglaterra. Por meio de um golpe organizado pelo exército inglês, Cromwell foi deposto da posição de lorde protetor (lord protector), deixando o caminho livre para que o parlamento assumisse o controle do regime político e restaurasse a monarquia.
A Revolução Puritana
Durante os séculos XV e XVI, a burguesia inglesa se desenvolveu rapidamente, se tornando uma classe bastante poderosa. Seu desenvolvimento, no entanto, encontrava cada vez mais entraves no parasitismo da monarquia, que havia atingido uma estagnação quase que absoluta. Como consequência inevitável desse conflito — isto é, entre o desenvolvimento da burguesia e o parasitismo da monarquia —, a burguesia começou a tentar ocupar mais espaço no regime político, atuando por meio da Câmara dos Comuns.
Acontecia, no entanto, que a Câmara dos Comuns era frequentemente ignorada pela nobreza, que, cada vez mais pressionada, só conseguia manter seus privilégios por meio da expropriação forçada do que pertencia às demais classes sociais. Como resultado dessa tensão, na primeira metade do século XVII, o parlamento inglês foi aberto e fechado algumas vezes, tamanha era a dificuldade de a nobreza controlar o regime político.
Em 1640, contudo, essa situação chegou a um limite. Ao tentar forçar a burguesia a custear um novo conflito com a Escócia, o então rei inglês Carlos I se deparou com uma reação armada por parte da burguesia: o exército dos cabeças redondas — isto é, dos burgueses, sem perucas — deflagrou guerra contra a monarquia, dando início à Revolução Puritana. O líder de todo esse processo foi Oliver Cromwell, pai de Richard Cromwell.
A República de Cromwell
A insurreição burguesa se estenderia até o ano de 1649, quando teve fim a Guerra civil inglesa. Oliver Cromwell acabou conseguindo impor uma derrota à monarquia, e o rei Carlos I foi decapitado. Em grande medida, a vitória de Cromwell se deu por causa do Novo Exército Modelo, fundado em 1642.
Após a derrubada da monarquia, as principais decisões da recém instaurada República inglesa passavam pelas mãos de Oliver Cromwell, que foi declarado lorde protetor da Inglaterra pelo parlamento. Uma série de medidas que visavam o desenvolvimento da burguesia inglesia foram tomadas, como os conhecidos Atos de Navegação de 1650.
Se, por um lado, Oliver Cromwell expressava as tendências revolucionárias da burguesia em geral, que buscavam remover os entraves estabelecidos pela monarquia, por outro, Cromwell também acabou por se voltar contra os setores mais radicais dessa classe, que pretendiam que a revolução fosse mais a fundo, o que poderia colocar os privilégios que alguns setores da burguesia já haviam adquirido sob risco. Como resultado dessa contradição, Oliver Cromwell dissolveu o parlamento em 1653 e passou a travar uma perseguição tanto a setores remanescentes da monarquia, como a setores mais radicais que participaram da guerra civil.
Em 1658, Oliver Cromwell morre, deixando a sucessão para Richard Cromwell.
A restauração da monarquia
O governo levado adiante por Oliver Cromwell permitiu que a burguesia avançasse consideravelmente no regime político inglês; no entanto, a sua incapacidade de prosseguir com a revolução, freando os elementos mais radicais da burguesia, não dissolveu a tensão no interior da sociedade inglesa. Quando Richard Cromwell assume o poder, a monarquia não estava liquidada por absoluto.
Valendo-se justamente dessa vacilação do governo de Oliver Cromwell e da própria inexperiência de seu filho, forças restauracionistas ligadas ao exército inglês depuseram Richard Cromwell antes que completasse um ano de governo, passando o poder para o parlamento. Em 1660, o parlamento inglês convocou o sucessor de Carlos I — seu filho Carlos II —, restaurando a monarquia.