A semana tem sido de grandes baques para o governo Bolsonaro, principalmente depois do ex-presidente Lula ter sido solto a partir de uma decisão do STF, que voltou atrás sobre a possibilidade de execução de pena antes do esgotamento de todos os recursos. Nem mesmo as longas explanações do ministro da Economia, o golpista Paulo Guedes, sobre a “necessidade” de se fazer uma reforma no Estado e Orçamento – necessidade aos olhos da burguesia – foi suficiente para desviar a atenção da liberdade de Lula.
Após ser solto, Lula fez uma grande fala no Sindicato dos Metalúrgicos, no ABC, no último sábado (9), em que não poupou esforços para atacar a agenda neoliberal de Paulo Guedes, prometendo que irá percorrer o Brasil a fim de dar uma resposta à ofensiva da extrema-direita contra ele e contra a classe trabalhadora. Ofensiva essa refletida no pacote de medidas neoliberais que o governo Bolsonaro vem tentando concretizar, como a reforma da Previdência, a estagnação do salário mínimo, o fim da estabilidade no serviço público, os cortes nos salários dos servidores públicos, etc.
Todo esse quadro tende a acirrar ainda mais a polarização no Brasil, que vem se intensificando cada dia mais. Afinal, os trabalhadores conseguem, mais do que nunca, perceber as contradições de classe expressas nos ataques aos direitos e no desmonte dos serviços públicos, como saúde e educação. Diante disso, a presença de Lula nas ruas é como um catalisador da vontade do povo e a possibilidade de Paulo Guedes virar o famoso “boi de piranha” cresce exponencialmente.
Lula livre deixa a burguesia com ainda mais medo de atacar a população e de intensificar a polarização, já que isso significa não mais ficar em cima do muro e ir pra cima da extrema-direita com toda a fúria popular. A América Latina, como um todo, está passando por uma ofensiva da política neoliberal, de modo que faz crescer cada dia mais a insatisfação popular, tendo o Chile como o principal exemplo recente. A população chilena está mandando um grande e assustador recado para o presidente golpista Piñera, isto é, contra o pacote de medidas neoliberais que é aplicado no país há tempos.
A burguesia está temerosa sobre os rumos que a população insatisfeita pode dar para o Brasil, caso o povo brasileiro resolva seguir os passos do Chile. A extrema-direita vem trabalhando numa série de tentativas de golpes em países como Bolívia, Argentina, Chile, Brasil, etc., contudo, as populações desses países tendem a seguir a onda atual de se rebelarem contra as manobras do imperialismo e, finalmente, reagir contra a burguesia sanguessuga que se sustenta no suor do trabalhador. Sendo assim, a burguesia brasileira fará de tudo para conter a polarização, mas este é o momento do povo ir às ruas, mais intensamente do que nunca, e aproveitar a crise da direita para derrubar o governo de golpistas que tanto explora e oprime os trabalhadores.