Após denúncia feita pela deputada golpista Janaína Paschoal (PSL), a prova de seleção do curso de especialização EAD em Saúde Pública da Universidade de São Paulo foi cancelada. O motivo do cancelamento não aparece no site do USP. O cancelamento aconteceu porque Janaína denunciou que a prova continha questões que tratavam, entre outras coisas, da prisão do ex-presidente Lula como política e do impeachment de Dilma como golpe institucional. Após receber o conteúdo da prova, a deputada declarou que o fato é “assustador”.
A deputada menciona algumas perguntas que a incomodaram. Essas, tratam de neofascismo, feminismo, Revolução Russa, Ditadura Brasileira, greves contra medidas neoliberais na França, Marielle Franco e outras. Além dessas, ela menciona as seguintes questões:
“Quem é o ícone do feminismo negro?”, “Filósofa e ativista dos panteras negras?”, “Qual é o conceito de neofascismo?”, “Principal representante da resistência negra à escravidão à época do Brasil colonial?”
Ela justifica a sua denúncia afirmando, cinicamente: “eu não estou sequer criticando essa linha ideológica, estou dizendo que numa universidade pública não se pode impor, e pior, cobrar como critério de aprovação, nenhuma linha ideológica”.
Esse é um caso clássico que demonstra a demagogia e cinismo da direita. O que é realmente “assustador” é a falta de vergonha na cara de Janaína. A quantidade de absurdos cometidos no processo contra o ex-presidente Lula é gritante e reconhecido por juristas no Brasil e mundo afora, até mesmo o advogado da ONU Geoffrey Robertson reconhece os inúmeros atropelos do devido processo legal e ele não é nenhum esquerdista. Lula foi preso sem provas, por um processo farsesco que já se mostrava obviamente tendencioso. Como se tudo isso não bastasse, ainda temos os vazamentos fornecidos pelo “The Intercept”, que simplesmente provam que Moro e Dallagnol combinaram a sentença contra Lula, entre outras coisas. É fato conhecido que Marielle Franco foi assassinada por motivos políticos e por uma milícia que envolve policiais e ex-policiais de direita.
É fato conhecido que houve um golpe militar no Brasil e que instalou-se uma ditadura de extrema-direita que perseguiu, torturou e assassinou pessoas de esquerda e que o núcleo duro fascista por trás desses atos espalharam seus tentáculos após o golpe e hoje e controlam parte do governo e o STF, em grande medida. É fato conhecido que há mobilizações mundiais contra os estragos causados pelo neoliberalismo mundo afora. O que a Janaína quer, é que não se fale sobre isso. Assim, ela defende a ideologia dela, afirmando ser neutra. Trata-se de censura, pura e simplesmente, utilizando como pretexto o argumento da neutralidade, que simplesmente não existe.
Não podemos dar espaço a esse tipo de manipulação, como fez Freixo, ao dialogar com ela em um programa no youtube, como se estivesse dialogando com uma pessoa razoável. Janaína é um elemento fascista a ser combatido. Freixo fez um serviço às estratégias de manipulação e confusão das quais Janaína sempre se valeu. Lembremos que nesse diálogo ela trata do época do governo do PT como a época da “ditadura do PT”. É preciso se contrapor radicalmente a esse tipo de discurso.