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União para sustentar o golpe: golpistas entendem que a manutenção do governo passa pela aprovação da reforma da previdência.

A situação política da camarilha golpista não está nada favorável. As contradições internas do governo improvisado de Jair Bolsonaro (PSL) são patentes. Desde o início de seu desgoverno a crise só tem se aprofundado e colocado em xeque a sustentação do golpe. Embora haja um profuso conflito de interesses dentro do bloco golpistas, a situação dada exige, notadamente, o alinhamento em torno de um objetivo comum.

Nesta terça-feira (26), na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiespe), o bastião do golpe que, em 2016, derrubou a presidenta – legítima – Dilma Rousseff, o general da reserva Hamilton Mourão, vice-presidente da república, tonificou uma das principais reivindicações dos golpistas e pediu o apoio da população para aprovar a reforma da previdência. Diante de uma plateia de 700 pessoas, não faltaram aplausos durante o discurso que durou 29 minutos. A missão foi dada e, logicamente, os recrutas necessitam de benesses. Para isso, foram prometidos: redução da carga de impostos para as empresas, a liquidação das leis trabalhistas, e a proteção da indústria brasileira contra a competição internacional. Após o término do evento, Mourão foi jantar na casa de uma das figuras mais ignóbeis da direita golpista, Paulo Skaf (MDB). Trinta dos maiores empresários do país se reuniram em um grupelho que contava com figuras, como: o escravocrata, ex-deputado Flávio Rocha (dono da Riachuelo);  o saqueador do povo, Luiz Carlos Trabuco, do banco Bradesco; Luiz Pretti, da Cargill (agricultura); João Carlos Saad, do grupo Bandeirantes de comunicação; David Feffer, do grupo Suzano (papel e celulose); Victorio de Marchi (co-presidente da Ambev), entre outros.

Segundo Mourão, “Temos que colocar na cabeça das pessoas que abdiquem da ideia de que o Estado pode tudo. ‘Não, roda a maquininha lá e produz o dinheiro’. Convencer a população de que eles também têm obrigações, e não apenas direitos. Temos que trabalhar isso dentro do nosso Congresso”. “População precisa saber que tem também obrigações, e não só direitos”.

“Temos que abrir a economia ao comércio mundial. Mas eu tenho dito em todos os fóruns e as senhoras e os senhores sabem disso: se nós não reorganizarmos o sistema tributário, uma abertura da noite para o dia do nosso país vai acabar com a nossa indústria (aplausos). (…) Então eu tenho me socorrido sempre daquilo que o presidente Geisel falava sobre outra abertura, que aconteceu nos anos 1970: ela tem que ser lenta, gradual e segura. A partir daí, vamos competir sim”, complementa.

Mourão tem demonstrado, desde o início, ter um maior profissionalismo quanto a política em comparação à Bolsonaro. Com discursos prontos e repletos de demagogia fabricada nas cátedras do neoliberalismo, Mourão afirma que, “infelizmente, alguns dos nossos políticos ainda pensam que nós estamos no século 19, nas masmorras da Londres industrial (…). Não tem almoço grátis. Esse tipo de ação divide o país, entre aqueles que estão no mercado formal e aqueles que estão no mercado informal. Nós estamos em vigor com uma reforma trabalhista, e ela tem que ser levada adiante, sob pena de nós não conseguirmos sobreviver; e não gerarmos emprego”.

O comboio golpista tem buscado amplo apoio nos setores da burguesia nativa. No último sábado (23), Mourão foi à Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). A Lide, empresa de eventos de João Doria (PSDB), governador de São Paulo, também fez parte da lista de recrutamento, sendo visitada no dia 19.

O desdobramento da crise política tem colocado, cada vez mais em proeminência, a necessidade de uma vigorosa luta pela liberdade do ex-presidente Lula – preso injustamente. Na medida em que o governo fraudulento de Bolsonaro afunda, Lula surge como a única alternativa viável e, deveras, pois, figura como um polo oposto aos golpistas. O momento, portanto, permite um avanço dos setores progressistas, democráticos e, sobretudo, os revolucionários. É preciso, entretanto, deixar claro que a fissura do bloco golpista – constitui uma oportunidade indispensável – de evolução à esquerda e de reordenamento da correlação de forças. Nesse sentido, é fundamental que se mantenha as palavras de ordem: Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas! Liberdade para Lula!

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