No último sábado (21) os coletes amarelos realizaram sua 45ª manifestação na França contra o governo de Emmanuel Macron. Para impedir que o protesto se aproximasse da sede do poder executivo, o governo utilizou 7.500 policiais para reprimir a população, resultando na prisão de mais de 150 manifestantes.
O protesto dos coletes amarelos coincidiu com a marcha do clima e um protesto organizado pela maior central sindical francesa, a CGT (Confédération Générale du Travail) contra a reforma da previdência de Macron.
Para controlar a revolta popular e comprovando seu caráter profundamente ditatorial, o governo Macron desautorizou as manifestações dos coletes amarelos e a reprimiu duramente. Até o começa da tarde de sábado, 152 pessoas tinham sido detidas na capital francesa.
Sem a possibilidade de se concentrar, a manifestação tornou-se selvagem e partiu sem destino nas ruas do 8.º bairro. A polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar a manifestação.
Pela primeira vez, desde que os atos começaram, os manifestantes não utilizaram coletes amarelos. Segundo a imprensa burguesa francesa, teria sido uma recomendação dada nas redes sociais para os manifestantes passarem despercebidos pela polícia e se juntarem aos outros protestos.
Teria sido para que os coletes amarelos pudessem se somar aos outros dois protestos (contra a reforma da previdência e contra a política ambiental). Há sinais de que a esquerda francesa, sob o argumento de lutar contra a reforma da previdência (uma pauta econômica), vem se afastando dos coletes amarelos, que tem uma pauta política, como o fora Macron. Isto pode ser visto na nota publicada ontem no site da CGT, em que em nenhum momento a maior central sindical francesa cita o movimento dos coletes amarelos ou o fora Macron:
“Nesta terça-feira, 24 de setembro, mais de 150.000 pessoas manifestaram-se em mais de 170 cidades da França, em busca de aumento de emprego e salário, mais serviços públicos e um plano de pensão de distribuição solidária e intergeracional.
Milhares de pessoas se reuniram em todo o território para trazer essas demandas legítimas. Legítimos porque atendem às necessidades de financiamento necessárias para melhorar nosso sistema de pensões reconhecido como um dos melhores do mundo e impedir a reforma mortificante que está preparando o governo.
O governo não pode mais ficar surdo para as várias reuniões que acontecem há meses. Sem mais delongas, deve, entre outras coisas, combater o desemprego, impor salários iguais entre mulheres e homens.
Este dia marca a primeira mobilização interprofissional nacional e o início de um processo de luta contra o plano de pensão ponto a ponto de Macron-Delevoye que desafia a própria base de nosso contrato social.
Em ressonância com as numerosas e importantes lutas profissionais dos últimos dias (RATP, Saúde, FED, Finanças Públicas …), neste dia 24 de setembro pede ainda mais convergência das lutas, como foi o caso, em particular, com Paris, onde trabalhadores da plataforma como Delivroo responderam à demanda de seguridade social.
A CGT reivindica o direito de viver um emprego decente, exige um sistema tributário justo, aposentadorias de alto nível em um sistema de pagamento conforme o uso, reforçado e financiado.”
Como a mobilização de todos os parceiros sociais é importante, a CGT continua seu compromisso de construir pontes com outras organizações, a fim de continuar a construir o mais alto equilíbrio de poder no interesse dos funcionários, aposentados e empregos privados”.
Essa política adotada pela CGT vai na mesma linha do fica Bolsonaro adotado por setores dirigentes da esquerda brasileira. A esquerda francesa precisa apoiar os coletes amarelos e vincular as pautas econômicas à luta política de conjunto contra o governo Macron. Do contrário vai conduzir os trabalhadores franceses à derrota.