Não se cumpriu o que Trump teria previsto, há quase dois anos, após a nomeação de um procurador especial para apurar seus vínculos com a Rússia e a suposta interferência dos russos nas eleições norte-americanas que o levaram a presidência: “estou fodido, este é o fim da minha presidência“. Ao menos é o que divulga um dos documentos do Relatório com 448 páginas apresentado ontem, pelo secretário de justiça dos Estados Unidos, William Barr, após 22 meses de investigações.
Há quatro semanas, já havia sido feita a divulgação de um relatório parcial, com apenas quatro páginas, o qual inocentava Trump sobre a suposta interferência russa na campanha de 2016, bem como por supostos atos de obstrução de justiça.
Com o Relatório completo divulgado, elaborado pelo procurador especial Robert Mueller, vem a conclusão, no entanto, de que se não houve interferência, foi porque assessores de Trump teriam desobedecido sua ordens para que obstruíssem as investigações.
O documento também livra Trump de ter agido em conluio com a Rússia durante campanha presidencial. Mesmo assim, em uma clara análise de supostas intenções, nele também se afirma que “o então candidato do Partido Republicano aceitaria a ajuda dos russos por ‘interesses em comum’“.
Conclusões principais a reação dos Democratas
O Relatório, longe de sepultar o assunto, oferece munição para manter a campanha de setores do imperialismo contra Trump e seus supostos aliados nas eleições de 2016, ao buscar concluir que a Rússia interferiu nas eleições presidenciais hackeando computadores de democratas e através do uso das redes sociais.
Mesmo apresentando a conclusão de que Trump e seus assessores não participaram dos esforços russos e que também não teriam obstruído a justiça durante a investigação; há a clara tentativa de induzir que o mesmo não ocorreu pelo fracasso do esforço do presidente que, supostamente, teria tido tal propósito.
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Representantes da outra ala do imperialismo, do Partido Democrata, diretamente ligada aos bancos e grandes conglomerados financeiros, que queria a vitória de Hilary Clinton, ao mesmo tempo em que anunciaram que, por hora, deixaram de lado a possibilidade de encaminhar a abertura de processo de impeachment contra Trump, insistiram que há no Relatório elementos para acusar Trump por obstrução de justiça.
Em declaração divulgada após o anuncio do Relatório, os chefes democratas afirmaram que “uma coisa é clara: o procurador-geral Barr apresentou uma conclusão de que o presidente não obstruiu a justiça enquanto o relatório de Mueller parece ter cortado essa constatação”.
Mesmo inocentando Trump, os investigadores procuram induzir que sua campanha tinha esperanças em ganhar eleitoralmente com as informações roubadas pelos russos, sem apresentar provas concretas sobre isso(segundo inúmeros analistas). Assim a equipe do “Moro norte-americano”, não conseguiu confirmar “que membros da campanha de Trump conspiraram ou coordenaram com os russos atividades para interferir”, não tendo apresentado qualquer evidência de que os russos e a equipe de campanha de Trump tenham trocado informações e reagissem, de forma sincronizada, às ações do outro.
Reação de Trump
Com uma mensagem no seu Twitter, em que destaca as conclusões que lhe inocentam no Relatório: “sem conluio, sem obstrução”, Trump se dirige aos adversários afirmando,”aos que me odeiam e à esquerda radical do Partido Democrata: o jogo acabou”.
Ele já tinha usado a prévia do relatório para se declarar inocente e tentar por fim à investigação contra ele.
Em meio ao agravamento da crise econômica capitalista, da guerra comercial e, por conta disso, dos atritos entre as diversas frações da burguesia imperialista, de modo algum pode-se garantir que a divulgação completa do Relatório vá sepultar de vez o caso russo-republicano e deixar de alimentar de alguma forma novas polêmicas. Ainda mais quando se aproximam as novas eleições presidenciais e, com certeza, o material tende a ser usado (se não antes) na campanha eleitoral contra o presidente republicano.



