Os atos do dia 13 demonstraram de maneira significativa o avanço da palavra de ordem de Fora Bolsonaro. Faixas assinadas por sindicatos, por pequenos grupos políticos ou mesmo por manifestantes isolados, a procura por adesivos pelo Fora Bolsonaro e um outro pela Liberdade de Lula eram quase que uma unanimidade nos atos, em particular no principal deles, o realizado na Avenida Paulista em São Paulo.
Na contramão dessa evolução do movimento contra o golpe, alguns setores da esquerda como o PCdoB que controla a UNE, o PDT e o partido Pátria Livre, recém ingresso no PCdoB, participaram das manifestações com bandeiras do Brasil e símbolos nacionais com a “intenção” de disputar com a “direita reacionária” as cores verde e amarela.
O que significa essa política? A defesa da Pátria é uma canalhice da direita e do seu filho dileto, a extrema-direita. O Brasil do golpe é um exemplo claro disso: em nome da defesa da Pátria, o presidente bate continência à bandeira norte-americana, entrega a base de Alcântara, a Embraer, destrói a economia nacional e agora busca criar as condições para entregar a Amazônia. A direita é a cretinice levada ao extremo.
De acordo com essa concepção, a esquerda que deveria criticar esse verde-amarelismo fajuto, denunciar os seus propósitos, armar os trabalhadores para reagir às manipulações da direita, simplesmente se cala. Pior, capitula. Acredita que de fato a política da direita convence. É o reconhecimento que os métodos e a encenação da direita são mais eficientes do que a esquerda, portanto o melhor seria copiar a direita para progredir.
Daí a conclusão, a esmagadora maioria do povo brasileiro foi contaminado pela política da direita e é por isso que nada melhor do que uma política de camaleão. Se funcionou para a direita, porque não pode funcionar para a esquerda? Também é uma política canalha. Covarde. Se esconde atrás do verde e do amarelo para se tornar palatável para os trabalhadores que seriam “direitistas”.
Do ponto de vista da história, essa posição levou os trabalhadores para catástrofes imensas. Um caso clássico está na Alemanha nazista. As organizações de esquerda, em nome de que o nazismo “convencia” os trabalhadores alemãs, adotaram a palavra de ordem de “revolução nacional” contra a união socialista dos estados da Europa, ficaram, ainda, na defensiva diante do anti-semitismo, entre outras inúmeras manifestações de capitulações diante do avanço do nazismo.
A imitação da extrema direita leva a desagregação da esquerda. Esconder o vermelho é uma capitulação. O vermelho é a identidade daqueles que lutam contra a barbárie capitalista. É a defesa dos direitos sociais, dos direitos democráticos de todo a população, é a luta contra o imperialismo, enfim o vermelho, no caso do Brasil, expressa a luta contra o golpe e que nesse adquire uma intensidade ainda maior pelo Fora Bolsonaro e pela Liberdade de Lula.
Finalmente, a política de se confundir com a direita visa acabar com uma questão central da situação política, que é a polarização entre a direita e a esquerda, portanto favorece o avanço da direita e, em contra partida, desmantela e destrói a esquerda. Quando não existe polarização significa que a esquerda foi neutralizada.
É por isso que o patriotismo é o último refúgio dos cretinos e se a esquerda vai de encontro a essa política se torna tão cretina quanto a direita.