As torcidas organizadas sempre foram vistas como algo perigoso pelas classes dominantes e, desde o início, foram objeto da sanha persecutória dos órgãos de repressão do Estado burguês. Com o golpe de Estado de 2016 e a ascensão da extrema-direita, contudo, os ataques tornaram-se mais intensos e tendem a se multiplicar.
O alvo da vez é a Camisa 12, uma das principais torcidas organizadas do Corinthians.
Na quarta-feira (31/07), o Ministério Público de São Paulo encaminhou um ofício à Federação Paulista de Futebol requisitando que membros da organizada não entrem nas arenas com camisas, faixas ou adereços que a identifiquem. Como é de praxe, a federação deve acatar o pedido.
A proibição se vale do surrado pretexto dos “atos de violência” cometidos pela torcida no jogo entre Corinthians e Flamengo, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro, ocasião em que oito torcedores foram presos, quatro deles identificados como membros da Camisa 12. Segundo informações da PM, os torcedores corintianos teriam armado uma emboscada contra os cariocas na parte externa do setor Sul, próximo ao portão G da Arena Corinthians.
A Camisa 12 é a segunda torcida a ser proibida de entrar nos estádios em menos de um mês. No dia 4, o Ministério Público proibiu a entrada da torcida Independente, do São Paulo.
É mais do que sabido que as “confusões”, “brigas” e “violências” atribuídas às torcidas organizadas não são senão a versão oficial elaborada pelos órgãos de repressão, e repercutida pela imprensa burguesa, para criar o clima e a justificativa da ditadura que vigora contra o futebol e o povo brasileiros. A proibição da Camisa 12 nos estádios é apenas mais uma medida de um conjunto mais vasto de ataques antidemocráticos ao povo torcedor, que incluem, além da proibição de inúmeras outras torcidas organizadas em todo o país, a presença constante da repressão policial nos estádios, a censura aos tambores e faixas dos torcedores, a realização de jogos com torcida única, e por aí vai. Tudo feito de forma demagógica e cínica, com base no pretexto moral do “combate à violência”, da “segurança nos estádios”.
O governo de Jair Bolsonaro acentuou ainda mais as tendências antidemocráticas e antipopulares do regime político brasileiro. As torcidas organizadas não poderiam deixar de ser um alvo preferencial da direita golpista, já que constituem um importante instrumento de organização e mobilização das massas populares. O ataque contra as torcidas organizadas é parte fundamental do ataque geral contra os direitos democráticos da população, e só pode ser enfrentado pela mobilização popular contra o regime político golpista e o governo fascista de Bolsonaro.