Esquerda pequeno-burguesa

Maringoni é responsável pela paralisia

Ao analisar o movimento popular brasileiro, o psolista Maringoni acaba atacando Dilma Rousseff, vítima do golpe de Estado que levou a extrema-direita ao poder.

No dia 21 de outubro, o portal GGN publicou mais um artigo do professor universitário Gilberto Maringoni, atualmente filiado ao PSOL. Intitulado “Calma lá! Nosso povo nada tem de passivo”, o artigo procura explicar porque o povo brasileiro não se levantou violentamente contra a direita neoliberal, como foi feito no Chile e no Equador recentemente. No entanto, no meio da explicação, Maringoni transfere a culpa da paralisia para o governo de Dilma Rousseff, vítima do golpe de Estado de 2016.

Assim Marignoni apresenta sua tese:

OS RACIOCÍNIOS não levam em conta que nossa população escolheu quem se apresentava como portador da mudança por quatro vezes consecutivas, entre 2002 e 2014. Buscou a esquerda e votou na melhoria de vida.

Pois a dada altura, essa mesma coalizão cometeu um brutal estelionato eleitoral. Prometeu “coração valente”, desenvolvimento e emprego e entregou um ajuste fiscal que resultou em redução de 8% do PIB, 12 milhões de desempregados e a adoção do programa econômico de seu adversário. Por que? Até hoje ninguém explica.

De fato, o dado de que um partido de esquerda, sobretudo um partido com uma ampla base operária e popular, venceu quatro eleições seguidas é um forte indicativo de que o povo brasileiro conseguiu impor determinadas reivindicações a um regime político que é controlado substancialmente pela burguesia. No entanto, avaliar que o governo Dilma Rousseff cometeu um “brutal estelionato eleitoral” é o mesmo que fazer coro à imprensa burguesa e a outros patifes como o abutre Ciro Gomes.

A própria continuação do texto de Maringoni ajuda a contradizer sua tese de que teria havido um “estelionato eleitoral”. Se o desemprego aumentou e houve um ajuste fiscal, a que isso se deve? Obviamente, isso não se deve a um “estelionato”, mas sim à pressão que a direita golpista fez sobre o governo do PT. O ajuste fiscal não era a política do Partido dos Trabalhadores, mas sim a política que a direita impôs, por meio de uma série de manobras e chantagens, ao governo de Dilma Rousseff. Não é à toa que, uma vez removido o governo por meio de um golpe, a burguesia impôs um ajuste muito mais brutal aos trabalhadores, como a PEC do Teto, que congelará o orçamento por 20 anos.

A vitória da direita contra o governo de Dilma Rousseff, por sua vez, só foi possível porque esse tipo de confusão foi amplamente disseminado por setores da esquerda pequeno-burguesa, sobretudo o PSOL, do qual Maringoni faz parte, que criou uma frente de movimentos para combater a política econômica do governo, mas que na prática serviu de instrumento para fazer propaganda pela derrubada de  Dilma Rousseff.

Como conclusão de seu texto, Maringoni afirma que seria necessário que as direções da esquerda avaliassem seus “erros”:

A tarefa de todos os que almejam a mudança agora é olhar para as carências concretas das pessoas e buscar tocar-lhes a alma, diante da motoniveladora da extrema-direita ensandecida.

Olhemos um pouco para cima. Olhemos para as direções que construíram o desastre e abriram caminho para a reação. Elas não têm essa moral toda, não. Muito menos para culpar os de baixo por defeitos que são seus.

Diferentemente do que Maringoni defende, no entanto, os grandes responsáveis pela paralisia não foram as direções do PT, que tentaram, até onde sua orientação política permitia, combater o golpe que estava em marcha contra o governo Dilma Rousseff e contra o maior líder do país, o ex-presidente Lula. Maringoni é, na sua qualidade de dirigente do PSOL, um dos responsáveis pela paralisia do movimento popular, uma vez que não mobilizou a população para enfrentar a direita no momento em que ela se organizava para depor uma presidenta eleita.

Se Maringoni não defendeu o governo Dilma Rousseff quando era atacado pelo imperialismo, nada indica também que esteja disposto a uma mobilização efetiva para derrubar a extrema-direita. Ao dizer que a tarefa do momento seria a de “olhar para as carências concretas das pessoas e buscar tocar-lhes a alma”, Maringoni não propõe nenhuma ação efetiva para enfrentar a direita – isto é, não fornece aos trabalhadores nenhuma perspectiva de luta, contribuindo, no final das contas, para a paralisia. Se Maringoni não se propõe a convocar os trabalhadores para a liberdade de Lula, para a derrubada do governo Bolsonaro e para a anulação das eleições fraudulentas de 2018, como esperar que a população não esteja paralisada?

A única maneira de romper com as “carências concretas” das pessoas é por meio de um movimento real que ponha abaixo o regime político. Por isso, é preciso sair às ruas imediatamente pela liberdade de Lula e pelo fora Bolsonaro!

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