Livro revela: eleição sem Lula foi golpe sim, e foi militar

Pouco a pouco começa a emergir no país, para espanto e estupefação da sociedade nacional, um conjunto de revelações atinentes a fatos e acontecimentos que datam ainda do primeiro mandato do ex-presidente Lula (2003 – 2006), quando teve início, de forma mais contundente, o processo de perseguição e ataques contra a esquerda, à época materializada no processo que ficou conhecido como “mensalão”.

Em 2014, quando ocorreu a quarta vitória consecutiva da candidatura liderada pelo Partido dos Trabalhadores, com a reeleição da presidente Dilma Rousseff para um segundo mandato, as forças políticas reacionárias agrupadas nos partidos tradicionais da burguesia, mancomunadas e em conluio com o grande empresariado nacional, os bancos e o imperialismo, declararam guerra ao governo que acabara de se eleger, sitiando, sufocando e depondo a presidente petista, através de um golpe de Estado, “legitimado” sob a cobertura de um processo de impeachment, fraudulento e ilegal em todas as suas vertentes.

Na esteira das revelações que vem sendo tornadas públicas pelo sítio The Intercept, onde diálogos e mensagens entre juízes, procuradores e ministros (STF) estão deixando às claras a existência de um conluio para perseguir e condenar o ex-presidente Lula – uma espécie de troféu da Lava Jato – surge neste momento, como reforço às denúncias que se avolumam  sobre a monumental farsa vivenciada pelo país nas eleições de 2018, uma publicação (livro-reportagem) denominada “Os Onze”, de autoria de Felipe Recondo e Luiz Weber. Em síntese, o “livro descreve os bastidores da Corte Suprema do país, o STF, desde o processo sobre o chamado mensalão, em 2005, até o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro; entre outras coisas, o livro revela que houve uma ameaça de golpe militar às vésperas do segundo turno da eleição presidencial do ano passado” (sítio 247, 02/08).

Todavia, um olhar um pouco mais atento à evolução dos fatos anteriores que culminaram com o golpe de Estado de 2016, confirmam as revelações que neste momento estão vindo a público. O fato insofismável – e isso fica cada dia mais claro – é que a deposição do governo eleito em 2014 foi plano e obra dos militares, dos quartéis, das baionetas, dos generais reacionárias, golpistas; enfim, das Forças Armadas, que acompanharam e monitoraram todo o processo “legal, constitucional”, pressionando as instituições do regime a agir contra o governo eleito e a esquerda nacional.

A verdade é que as ameaças de golpe e intervenção militar sempre estiveram presentes no cenário político nacional e permearam todo o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os militares já estavam em cena muito antes do momento do golpe e continuaram agindo depois, principalmente durante as eleições de 2018, interferindo abertamente na eleição do candidato fascista Jair Bolsonaro. Uma das revelações do livro-reportagem dão conta de uma crise envolvendo os quartéis e o Supremo Tribunal Federal, com ameaças explícitas de golpe por parte do general Villas Bôas, então comandante do Exército, visto por muitos – inclusive na esquerda – como um militar “moderado”, um “democrata”, representante da ala “profissional” das FFAA.

O livro revela um episódio em que a caserna e o núcleo mais ferozmente reacionário e direitista das FFAA emparedou os ministros do STF, quando um coronel insultou a ministra do STF, Rosa Weber. A Suprema Corte queria a punição do militar, posição que acabou gerando uma espécie de rebelião e indignação dentro dos quartéis. Villas Bôas entrou em cena dizendo que “tinha 300 mil homens armados que apoiavam Jair Bolsonaro, um candidato que duvidava da lisura do processo eleitoral e incitava seus seguidores, os militares aí incluídos, a questionar as urnas eletrônicas. O TSE deveria ser, mais do que nunca, claro em seus posicionamentos” (idem, 02/08).

Portanto, os fatos estão aí para quem quiser ver, enxergar e concluir. A tutela militar sobre todo o processo político do país, sobre todas as instituições do Estado (parlamento, justiça), no último período, foi a regra, fez parte do cotidiano do país. Os fatos e acontecimentos recentes deixam cada vez mais claro que o regime político golpista atualmente em curso no Brasil nada mais é do que um simulacro de democracia; onde as instituições ditas democráticas nada mais são do que uma desfigurada caricatura; um estado de direito que não garante direito algum.

A luta para varrer por completo toda esta podridão erguida pelos golpistas, pela extrema direita, pela burguesia e pelo imperialismo passa por impulsionar a luta social de massas no país; a luta para colocar nas ruas milhões de populares, trabalhadores, estudantes; enfim, o conjunto da população explorada do país que sente no dia a dia os efeitos do golpe de Estado, do governo fraudulento de Jair Bolsonaro e dos militares golpistas.

 

 

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