Chico Alencar, ex-deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), é um dos tantos parlamentares da esquerda nacional que defendeu durante anos a Operação Lava Jato. Após uma série de vazamentos feitos pelo portal The Intercept Brasil, a Lava Jato foi cabalmente desmascarada como uma farsa grotesca criada para fins políticos.
Em 2015, quando era líder do PSOL na Câmara dos Deputados, Alencar teceu uma série de críticas aos governos do PT, afirmando que o maior partido de esquerda no Brasil “assumiu uma governabilidade neoliberal e fisiológica, canal aberto para a corrupção sistêmica”. Na ocasião, o ex-deputado psolista ainda afirmou que a luta contra a corrupção era “justa” e que era necessário que fosse feita uma “reforma política”.
Com o golpe de Estado de 2016 e seu aprofundamento, ficou claro que tudo o que Alencar defendia em 2015 era uma política que interessava tão somente o imperialismo. O problema da corrupção no Brasil não foram os governos do PT: o governo Temer se mostrou infinitamente mais corrupto que os governos Lula ou Dilma Rousseff. A “justa luta contra a corrupção” colocou o maior líder popular do país na cadeia e deixou vigaristas como Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso impunes. A “reforma política”, por sua vez, aprofundou ainda mais o caráter ditatorial do regime político, de modo que partidos como o PCO foram praticamente postos na ilegalidade.
Mesmo depois de a farsa da luta contra a corrupção ter sido evidenciada pelos seus resultados desastrosos, Chico Alencar continuou trilhando seu caminho de submissão aos interesses da direita golpista. Em setembro de 2018, isto é, após Lula ter sido preso e ter tido seus direitos políticos cassados, Chico Alencar concedeu uma entrevista ao jornal O Globo, defendendo abertamente a Lava Jato: “A Lava-Jato desnudou de forma explícita o conluio público-privado ilícito na política brasileira, envolvendo diretamente pelo menos 14 partidos. Tem dois pesos e duas medidas em muitos casos, mas o combate à corrupção sistêmica tem que continuar doa a quem doer”.
Agora, obviamente, Alencar não veio a público defender a Operação Lava Jato. No entanto, optou por uma posição discreta, que, nesse momento, é praticamente o mesmo que defender a continuidade da operação. Embora Alencar tenha optado por não fazer longas declarações sobre os vazamentos, o ex-deputado se limitou em dizer que os vazamentos colocam “em suspeição todo o trabalho feito pela Lava Jato até aqui”.
Os vazamentos ligados à Operação Lava Jato não devem apenas colocar a operação sob suspeita. Eles comprovam aquilo que os setores mais combativos da luta contra o golpe já vinham denunciando há anos: trata-se de uma operação criada para perseguir os inimigos políticos do imperialismo. Não há luta contra corrupção: a Operação Lava Jato e todas as demais perseguições orquestradas pelo imperialismo devem ser postas abaixo imediatamente!