Como consequência da crise econômica de 2008, a polarização política tem se intensificado em diversos países do mundo. Um dos países onde a crise tem maior importância é, obviamente, os Estados Unidos, país mais rico e o mais poderoso das potências imperialistas. Desde as últimas eleições nacionais que a crise nos EUA tem se desenvolvido bastante, afinal, quem ganhou as eleições foi Donald Trump, um representante de um setor imperialista secundário.
Depois de uma longa tentativa de processos de impeachment contra Trump, a burguesia imperialista finalmente chegou a um acordo com ele, resultado que foi obtido através de uma intensa campanha de “colocar Trump na linha”, algo muito parecido com o que temos visto no Brasil com relação à Bolsonaro. No entanto, não está nos planos deste setor fundamental do imperialismo permitir que Trump siga à frente da presidência norte-americana. Embora tenham chegado a um acordo, o fato é que Trump nunca foi um representante direto deste setor, que não deseja que ele aprofunde ainda mais a sua política. É neste quadro que se insere o novo pedido de impeachment de Donald Trump, dessa vez baseado em vazamentos que comprovam que Trump utilizou seu poder presidencial para perseguir Joe Biden, democrata direitista que aparece como o candidato preferencial do imperialismo.
No entanto, a situação da burguesia imperialista é muito delicada. Ambos os partidos fundamentais do regime político norte-americano encontram-se profundamente divididos, resultado da polarização política e da crise econômica. O fortalecimento da ala de extrema-direita dentro do Partido Republicano fez com que Trump conseguisse ter um maior controle sobre o partido, afinal o homem está na cadeira presidencial, o que lhe dá uma série de recursos.
Tudo indica que o candidato preferencial da burguesia hoje é, como já discutimos, Joe Biden, da ala direita do Partido Democrata. No entanto, como uma classe consciente politicamente, a burguesia não costuma jogar o jogo político com uma única carta na manga. Pelo contrário, eles costumam trabalhar com um amplo cardápio de opções. Por isso, a tentativa de impeachment de Trump tem o papel de enfraquece-lo dentro do Partido Republicano, e assim quem sabe viabilizar um candidato da ala tradicional do Partido, mais ao agrado do capital financeiro imperialista.
Não se trata aqui de uma análise de caráter ideológico. O mesmo debate foi travado nas últimas eleições, quando o PCO apontou o fato de que embora fosse muito direitista, Trump não era o candidato do imperialismo, que na época era Hillary Clinton. Por isso, devemos denunciar que o processo de impeachment de Trump não se deve às denúncias que foram feitas, que de fato tem gravidade, mas sim uma manobra essencialmente política, montada pelo capital financeiro, setor fundamental do imperialismo norte-americano.





