João Doria sancionou nesta última quarta-feira (31) o “Dia de Oração pelas Autoridades da Nação”, instituindo, no Calendário Oficial do Estado de São Paulo, todas as terceiras segundas-feiras de cada mês como o dia dedicado a que “o povo passe a orar e não criticar as autoridades constituídas”, conforme os autores do projeto de lei, Chico Sardelle e Reinaldo Alguz, ambos do PV, definem os seus objetivos.
Longe de ser um fato isolado do Estado de São Paulo, ou do fascista João Doria, este tipo de “lei” é sintomático: demonstra claramente o projeto que extrema-direita está implantado no país. O que se quer é anular totalmente qualquer influência do povo no exercício do poder, elevando à condição de “pecado” o simples ato de expressar uma crítica a uma “autoridade”.
É claro o conteúdo moralista de tipo religioso da lei sancionada.
A “oração” religiosa no lugar da crítica racional representa o retrocesso ao tempo em que um governante era alguém de uma forma ou de outra escolhido por um deus todo poderoso, ungido, que levava para muito longe do povo toda e qualquer possibilidade de rebelião.
Trata-se de uma peça de propaganda de um estado fascista em formação, em que, no lugar de um nacionalismo italiano ou de um racismo germânico, a burguesia poderá optar por construir uma demagogia de base cristã para obter os fanáticos necessários para suas fileiras de apoio.
Não resta dúvida de que a intensidade das manifestações populares de maio e junho – em que o “Fora Bolsonaro” claramente tomou conta do povo todo – colocaram a burguesia em estado de alerta quanto a possibilidade concreta e iminente do povo, nas ruas, derrubar o regime golpista e devolver o projeto fascista para o esgoto de onde veio.
Por isso, qualquer vacilação agora e a burguesia não perderá tempo em avançar rapidamente sobre o povo para cumprir seus objetivos. E esta lei, ao invés de ser algo apenas formal, aparentemente inócuo, é o sinal claro da construção acelerada da máquina de propaganda fascista que necessariamente deverá antecipar a implantação concreta de uma ditadura aberta.
O Estado de São Paulo é o estado com maior número de operários e movimentos populares do Brasil, o que o torna alvo necessário e preferencial deste tipo de controle social.
Se é preciso instituir um “Dia de Oração” pelos governantes em São Paulo, é óbvio são milhares os paulistas que agora não estão apenas criticando das formas mais desmoralizantes possíveis os golpistas que estão no poder, como certamente o descontentamento popular com o desemprego, a pobreza, a crise econômica e a vida cada vez mais difícil que a burguesia nos traz todos os dias está colocando o povo desse Estado a um passo de se mobilizar e explodir em uma rebelião popular aberta.





