O filme “Bacurau”, dos diretores pernambucanos, Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, ganhou o Prêmio do Júri, na 72ª edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes, neste sábado, dia 25.

A produção brasileira era um dos 21 filmes que concorriam na principal mostra da competição que tinha como concorrentes filmes de diretores consagrados, como Pedro Almodóvar, Ken Loach, Quentin Tarantino, os irmãos Jean Pierre e Luc Dardene e Terrence Malick.
A produção brasileira ficou com o terceiro principal prêmio de Cannes, a Palma de Ouro foi para o filme Sul-Coreano “Parasite”, ou “Parasita”, na tradução literal, de Bong Joon Ho, uma tragicomédia sobre as diferenças de classe entre uma família pobre e uma família rica.
O filme brasileiro dividiu o prêmio da crítica com o filme francês, “Les Miserables”, de Ladj Ly, que mostra a repressão policial nas periferias de Paris.
O prêmio Grand Prix ficou com “Atlantique”, da diretora franco-senegalesa, Mati Diop, drama sobre a imigração. Nas atuações o prêmio de melhor atriz foi para a britânica Emily Beecham, por “Little Joe”, filme da austríaca Jessica Hausner. Já a atuação masculina ficou com o espanhol Antonio Banderas pelo filme “Dor de Glória”, de Pedro Almodóvar, filme semibiográfico do diretor espanhol.
O prêmio de direção ficou com os irmãos Dardene, pelo filme “Le jeune Ahmed” e o prêmio de roteiro para “Portrait de la jeune fille en feu”, da francesa Céline Sciamma.
O festival teve um caráter bastante político entre as premiações principais, mas filmes que não ganharam nenhum prêmio, como “Sorry We Mised You”, de Ken Loach, sobre o trabalho informal entre a classe operária britânica também se destacaram.
O cinema brasileiro resiste

A participação do Brasil no Festival de Cannes foi surpreendente, ao todo foram sete filmes em diversas sessões. Além de “Bacurau”, outro filme também foi premiado na sessão “Um Certo Olhar”, o filme do diretor cearense Karim Ainouz, “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”.
O Brasil ainda foi representado pelos filmes “Indianara”, de Aude Chevalier-Beaumel e Marcelo Barbosa, mostra Acid, e na mostra Quinzena dos Realizadores, o filme de estreia de Alice Furtado, “Sem Seu Sangue”. Houve ainda três co-produções, “O Traidor”, “Breve História del Planeta Verde” e a animação “Bob Cuspe – Nós não gostamos de gente”.
A presença significativa de produções brasileiras no Festival de Cannes destoa da destruição que está sendo promovida pelos golpistas na área de Cultura e também de cinema no Brasil.
Apesar de não ter protesto no tapete vermelho este ano, a exemplo do que houve em 2016 com o filme “Aquarius”, o diretor Kleber Mendonça Filho disse que o protesto seria o próprio filme e pelo visto conseguiu. A história de “Bacurau”, uma cidadezinha no sertão de Pernambuco que sofre com o descaso do prefeito e tem a cidade invadida por mercenários norte-americanos se assemelha muito com o que o Brasil se transformou. Um detalhe importante é que a população resiste à invasão pegando em armas.
Na premiação os diretores dedicaram o prêmio a todos os trabalhadores do Brasil.