“É do rito democrático respeitar a vitória do eleito, guardar suas contradições para enfrentamento na oposição” e que acha “uma infantilidade, mais uma aberração dessa burocracia corrompida do PT e é um desastre”, assim se referiu Ciro Gomes (PDT) sobre o boicote do PT à posse do fascista Jair Bolsonaro.
A correta atitude da direção do PT em não participar da posse do presidente eleito pelo golpe e pela fraude foi seguida pelo PCdoB e pelo Psol e deixou de “saia curta” o PSB e o PDT, partidos da esquerda burguesa, que se definem como de oposição ao governo da extrema-direita.
Para lá da autoproclamação de “oposição”, o discurso de Ciro Gomes, mas também as declarações dos presidentes do PSB e do PDT em liberar suas bancadas para participarem da encenação da “vitória da democracia” é mais um elemento que denuncia a relação desses dois partidos com o golpe de Estado.
Isso mostra que esses partidos, tidos como de esquerda irão na prática sustentar o governo Bolsonaro. Muitos de seus membros votaram pelo impeachment de Dilma. No PDT, apenas na bancada da Câmara, mas de 30% dos deputados foram a favor da derrubada da presidenta. Já no PSB, apenas três de uma bancada de 32 parlamentares se posicionaram contra o impeachment.
Posteriormente, ambos os partidos apoiaram o avanço do golpe com a intervenção militar no Rio de Janeiro e finalmente cumpriram o papel de coadjuvantes nas eleições de 2018 no encobrimento do golpe, ao não fazerem nada contra a prisão de Lula e de boicotarem abertamente a campanha presidencial do PT, inclusive, mesmo diante da sujeição do PT em retirar a candidatura de Lula e substituí-lo por Fernando Haddad.
Essa política de boicote e encobrimento do golpe se verificou tanto com o PSB, que formalmente estava aliado ao PT, como com o PDT, que no segundo turno, formalizou apoio à candidatura de Haddad, mas que na prática foram verdadeiros cavalos de Tróia com relação ao candidato do PT. Vários candidatos a governador ou mesmo deputados e senadores eleitos apoiaram abertamente Bolsonaro – e mais peculiar ainda foi a posição dos gomes: Ciro Gomes chegou ao ponto de se esconder na Europa e seu irmão Cid promoveu tantos ataques contra o PT, que se transformou em garoto propaganda no horário eleitoral do candidato da extrema-direita.
Essa política atende claramente a um propósito. Os golpistas impulsionam esses partidos para que promovam a criação de uma “frente ampla democrática”, para fazer “oposição” parlamentar a Bolsonaro, mas apoiando o governo em propostas que julguem benéficas para o País. Em outras palavras, trata-se de construir um anteparo na tentativa de evitar a constituição de um amplo movimento de massas contra o golpe.
Isso se verifica, principalmente, pela tentativa de isolar os setores do PT que sinalizam com uma evolução à esquerda no sentido de enfrentamento com a extrema-direita em torno de dois aspectos que tomam dimensões fundamentais na situação política: a luta pela liberdade de Lula e o fora Bolsonaro e todos os golpistas.