Nesta terça (6) o presidente ilegítimo Bolsonaro assinou decreto de privatização da Eletrobrás. Anunciado ainda durante o governo golpista de Temer, o decreto pretende privatizar a estatal por meio do aumento de capital e venda do controle acionário da empresa.
A Eletrobrás hoje lidera a geração e transmissão de energia elétrica no país e contribui para que a matriz energética brasileira seja uma das mais limpas e renováveis do mundo. Também atua nos segmentos de comercialização e eficiência energética, além de programas como o Procel, o Programa Luz para Todos e o Proinfa. É a maior companhia do setor elétrico da América Latina, é uma empresa de capital aberta tendo como acionista majoritário o governo brasileiro.
Não há como um país ser soberano sem o domínio da ciência, da tecnologia, dos processos produtivos e tendo uma engenharia forte. No caso do setor elétrico, historicamente havia a dependência brasileira do petróleo importado, que se agravou com os choques do petróleo dos anos 70. O enorme potencial hidrelétrico brasileiro foi a alternativa de fonte primária para o setor elétrico. Isso trouxe oportunidades para a consolidação de grandes empresas de construção civil, equipamentos de mecânica pesada, que favoreceram a produção local em detrimento da importação.
Camargo Correia, Odebrecht, Engevix, Villares, Bardella e WEG (uma das maiores fabricantes de motores e equipamentos eletromecânicos do mundo), devem muito de seu desenvolvimento às parcerias com a Eletrobrás. Seja pelo CEPEL (Centro de Pesquisa do Setor Elétrico) – maior centro de pesquisa do tipo na América Latina – seja por meio da demanda advinda das grandes obras, a formação de uma indústria brasileira competitiva não só no País, mas internacionalmente, teve contribuição decisiva da Eletrobrás.
Apesar da estatal ter sobrevivido aos ataques brutais do governo FHC (PSDB), a empresa nunca conseguiu recuperar seu papel de liderança no desenvolvimento da indústria nacional, sobretudo pela falta de investimento do governo e pela paralisia decorrente do processo de privatização. O governo golpista de Bolsonaro pretende continuar e aprofundar os ataques da década de 90 e passar definitivamente o controle da empresa para os capitalistas, entregando seus lucros e tirar do próprio Estado o controle energético do País.
A privatização da Eletrobras portanto, não é processo isolado, põe em risco o setor elétrico brasileiro e a economia popular e faz parte do programa dos golpistas de destruição da engenharia nacional, atrelado a destruição da Petrobrás, da entrega do pré-sal e de toda a cadeia nacional de óleo e gás, além da destruição da indústria naval. Significará para o Brasil abrir mão de qualquer possibilidade de ter uma indústria própria e autônoma num setor estratégico para qualquer País. Significará o aumento da submissão ao imperialismo.