Terça-feira (29), o deputado Eduardo Bolsonaro ameaçou o Brasil com uma nova ditadura, do mesmo tipo que a ditadura militar do golpe de 1964. Agora presidente do PSL, Eduardo Bolsonaro fez um discurso no plenário da Câmara dizendo o seguinte: “eles vão querer repetir no Brasil o que está acontecendo no Chile”, procurando atribuir a insatisfação popular com o neoliberalismo a um plano deliberado de agentes políticos ocultos.
E continuou o discurso com a ameaça de implantar uma ditadura: “Não vamos deixar isso aí vir para cá. Se vier para cá, vai ter que se ver com a polícia. E se eles começarem a radicalizar do lado de lá, a gente vai ver a história se repetir. Aí é que eu quero ver como a banda vai tocar”. O sentido dessas palavras é inegável, “ver a história se repetir” é repetir a repressão da ditadura militar, com censura, proibição de reunião de pessoas, torturas e assassinatos.
Se ainda restasse alguma dúvida sobre isso, quinta-feira (31) o filho do golpista e ilegítimo apareceu na Internet prometendo um novo AI5 se a esquerda se “radicalizar”. A declaração foi dada à jornalista Leda Nagle, que tinha entrevistado Eduardo Bolsonaro na segunda-feira (28) e postou a conversa em seu canal na quinta. Ainda durante as eleições, Eduardo Bolsonaro tinha sido autor da famosa afirmação de que bastariam um cabo e um soldado para fechar o Congresso.
Ameaça reiterada
Essas declarações, reiteradas essa semana, são consistentes com uma série de afirmações feitas pelo próprio Jair Bolsonaro. Começando por uma antiga entrevista, dos anos 90, em que ele dizia que “tem que matar 30 mil” para governar, e que ele fecharia o Congresso caso governasse o País, até chegar a frases mais recentes, como os elogios aos ditadores Alfredo Stroessner, do Paraguai, e Augusto Pinochet, do Chile. Também sobre os protestos no Chile, Jair Bolsonaro disse que os problemas do país “começaram em 1990”, ano em que terminou a ditadura de Pinochet.
Como se vê, os Bolsonaros já repetiram essas ameaças tantas vezes que já não se pode chamá-las simplesmente de ameaças. São um programa mais do que claro. O projeto de Bolsonaro é tornar-se um ditador assim que houver condições para fazê-lo. Não é possível duvidar disso, diante da insistência com que o presidente golpista e seus filhos voltam ao assunto. O modelo de como se deve governar, para Bolsonaro, são ditadura sanguinárias que sufocam a população.
Fora Bolsonaro!
Para evitar que Bolsonaro consiga estabelecer o governo de seus sonhos, com poderes ditatoriais e instituições completamente submetidas ao “bolsonarismo”, é preciso levar adiante a mobilização contra o governo. Dado o avanço da direita até aqui, não é possível contrapor à direita a simples oposição a determinadas políticas de Bolsonaro. É preciso uma política de oposição ao regime político da direita golpista como um todo, e para isso é necessário apresentar uma alternativa da esquerda para a crise política.
Por isso, é preciso levantar as palavras de ordem: Fora Bolsonaro!, Liberdade para Lula!, Eleições gerais! E levar adiante uma campanha nacional para mobilizar as massas em torno dessas reivindicações. Se o governo não for enfrentado enquanto está em crise, com uma política capaz de impor uma derrota à direita de forma mais abrangente, a direita vai apresentar suas próprias saídas para a crise. As saídas da direita podem ser alguma manobra para substituir Bolsonaro por algum elemento da direita, ou o fechamento do regime político com um golpe. Neste segundo caso, o próprio Bolsonaro é um candidato a ditador, e está disposto a tentar esmagar o povo para impor a política do imperialismo ao Brasil.





