Torcida Organizada

Diretor da Torcida Jovem do Santos reafirma repúdio à direita

Em entrevista, diretor da Torcida Jovem reafirma o caráter antagônico entre as torcidas organizadas e o bolsonarismo, e reforça a necessidade de continuar a luta contra a direita

No último sábado (16), o fascista Jair Bolsonaro, valendo-se de um recurso demagógico que já se tornou uma marca registrada sua — o de vestir a camisa de praticamente todos os grandes clubes brasileiros —, foi ao estádio da Vila Belmiro, em Santos, no litoral paulista, para assistir ao clássico entre Santos e São Paulo, válido pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Nos dias que precederam o clássico, ante o anúncio de que o presidente ilegítimo marcaria presença no estádio santista, a Torcida Jovem do Santos, principal organizada do time, emitiu um comunicado oficial dizendo: “Repudiamos o palanque político que essa visita significa e reforçamos que os posicionamentos ideológicos de Bolsonaro são incompatíveis com a pluralidade social, racial, étnica e cultural da torcida santista e de toda a história de luta da TORCIDA JOVEM contra a ditadura militar, enaltecida por esse político.” 

Ao chegar à Vila Belmiro, no dia do jogo, Bolsonaro viu o repúdio manifestado em nota pela torcida organizada do Santos se materializar. Acomodado no camarote da presidência do clube, bastou ser anunciado pelo sistema de som para que a maioria do estádio presenteasse o golpista com uma sonora vaia, algo, aliás, que vem se tornando inevitável a cada aparição de Bolsonaro num estádio de futebol.

Explicando a reação da torcida santista contra o elemento de extrema-direita, o diretor da Torcida Jovem, Marcelo Caverna, em entrevista concedida à Rádio Brasil Atual, reforçou os termos da nota oficial de repúdio. Caverna destacou o contexto de formação da Torcida Jovem, surgida da luta contra a ditadura militar estabelecida em 1964. “A nossa torcida nasceu na ditadura militar, em 1969, [num momento em que] a manifestação do povo era muito reprimida. Então, nós temos no nosso DNA um histórico de luta pela liberdade, luta pela classe trabalhadora, que forma quase 100% da nossa torcida, que é formada de gente de classe C, D, E, de classe operária, de mulheres, de negros, de filhos de índios e dessa mistura toda de que é feito o Brasil. Então, para nós, como entidade que luta pela liberdade há 50 anos, a figura de Jair Bolsonaro representa justamente o contrário da nossa ideologia“, explicou o santista. Caverna também criticou a atitude hospitaleira da diretoria do clube para com um político que é a própria negação da história do Santos e que representa um “risco e ameaça à democracia”. E, ao final, reafirmou a necessidade da continuidade da luta contra Jair Bolsonaro: “Em nome da coletividade santista e da Torcida Jovem do Santos, nós seguimos por aí lutando e não vamos desistir. Enquanto houver a Torcida Jovem do Santos, ela vai se manifestar, sim, em prol da sociedade santista e da sociedade brasileira, por um mundo melhor e pela democracia.

A entrevista de Marcelo Caverna deixa claro que, na situação política atual, marcada pela crescente polarização social e política, as torcidas organizadas representam um importante fator político na luta contra o golpe e o fascismo. O episódio envolvendo a Torcida Jovem dos Santos no último sábado não é um raio em céu azul. Expressa, na verdade, uma tendência presente no interior das inúmeras torcidas organizadas do país, tendência essa que também já se manifestou na formação de torcidas e coletivos antifascistas. A luta contra o golpe de Estado, contra a direita fascista, contra as iniciativas antidemocráticas do regime político e em defesa dos interesses da classe trabalhadora decorre inevitavelmente do próprio caráter dessas organizações. As torcidas organizadas são, antes de tudo, organizações populares, que agrupam uma massa de torcedores pobres, negros, trabalhadores, homens e mulheres oriundos da periferia, enfim, os setores mais explorados e oprimidos da sociedade brasileira. Não é por outro motivo, ademais, que elas constituem um alvo preferencial dos órgãos de repressão do Estado burguês, que as identificam — corretamente, diga-se — como uma ameaça.

É necessário seguir o exemplo da Torcida Jovem do Santos e lutar contra a direita fascista, inimiga mortal da classe operária e das massas populares. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!

Gostou do artigo? Faça uma doação!