O Partido Social Liberal (PSL), legeda impulsionada pela burguesia para compor a base de apoio bolsonarista no Congresso e nos Estados, tornou-se a “surpresa” destas eleições, obtendo a segunda maior bancada da Câmara, com 53 deputados. Entretanto, com pouco mais de 8 meses no governo, esta base tem dado vários sinais de ruptura.
Dentre os parlamentares que saíram da legenda, temos Alexandre Frota e Selma Arruda, que foram para o PSDB e Podemos, respectivamente. Com o crescimento da crise na base governista, algo com 15 ou 20 congressistas ameaçam sair do partido. Dentre eles, estão o Senador Major Olímpio e o Deputado Bibo Nunes.
Uma das principais motivações são as dificuldades de levar em frente a “CPI da Lava Toga” – instrumento que a extrema-direita no congresso tenta aprovar para ter mais controle sobre o Judiciário. Entretanto, os próprios filhos do Presidente têm trabalhado contra a CPI – acredita-se que num acordo com o Judiciário para evitar a continuidade das investigações do COAF contra Flávio Bolsonaro. Este atrito divide uma parte do PSL, que é a favor da CPI.
Outros conflitos são na composição das chapas para disputar as eleições de prefeituras no ano que vem. O exemplo mais grave é no próprio PSL de São Paulo. Joice Hasselmann, deputada mais votada do Brasil segundo as fraudulentas urnas de 2018, está pleiteando se lançar candidata. Para se opor a isso, Eduardo Bolsonaro está se articulando com Edson Salomão no diretório municipal. Em resposta, Joice ameaça ir para outros partidos que queiram abraçar sua candidatura.
O PSL também está descontente com a distribuição de cargos feita pelo governo Bolsonaro. Em resposta a isso, o Podemos está tentando atrair estes parlamentares para sua legenda oferecendo funções de direção partidária nos Estados, o que lhes daria um bom acesso às verbas eleitorais. Ou então a oferta de cargos na máquina pública dos municípios. O medo destes parlamentares é serem cassados por infidelidade partidária. Segundo o jornal El País, os assessores mais diretos a Jair Bolsonaro não descartam mesmo a possibilidade de o próprio presidente trocar de partido, ou fundar o seu próprio.
Estas divisões são reflexos da própria crise da burguesia, que não conseguia emplacar seus candidatos favoritos nas urnas, precisando impulsionar um grupo improvisado e de última hora. Naturalmente, um grupo heterogêneo, de segundo escalão, desarticulado, sem projeto definido.





