Um dos mais tradicionais clubes de futebol brasileiro, o Botafogo, vive hoje uma situação ruim no campeonato brasileiro. Faltando apenas oito jogos para o fim da competição, o clube carioca está a dois pontos da zona de rebaixamento, sendo o segundo pior time na segunda fase do brasileirão. O salário atrasado dos jogadores é o principal fator de crise na campanha da equipe. Os problemas do “Fogão”, como é carinhosamente chamado não se restringem apenas ao futebol. Devido a crise financeira, o clube teve que abandonar o time de vôlei, desistindo de disputar a superliga. No basquete, o clube chegou a ser multado pela Confederação Nacional de Basquete em R$10 mil por jogo, por ter apresentado menos de dez atletas relacionados por jogo, sendo dez o número mínimo determinado pela Confederação.
A crise financeira do clube, no entanto, está sendo utilizada como pretexto para que o Botafogo adote o chamado modelo “clube-empresa” de administração. Apontado por vários setores, como a imprensa capitalista, empresários do ramo esportivo, como a “salvação” do futebol brasileiro, o modelo de “clube-empresa” nada mais faz do que abre caminho para completa privatização do futebol nacional, entregando-o nas mãos dos grandes monopólios capitalistas. A política aqui é a mesma que os capitalistas utilizam para tomar de assalto as empresas nacionais, como a Petrobrás, entre outras, utilizam a suposta “crise financeira”, a qual é na maior parte dos casos artificialmente criada por eles mesmos, para então se apropriar do patrimônio nacional.
Nesse sentido,o futebol brasileiro está sob intenso ataque. O projeto “clube-empresa” já tramita no senado federal, e tudo leva a crer que será aprovado. Esta é mais uma das consequências do golpe de estado, há anos que os grandes capitalistas estão de olho no controle absoluto do futebol brasileiro, após o golpe de 2016 e as eleições fraudulentas do último ano, eles tem carta branca para concretizar seus objetivos.
A privatização dos clubes e a entrega da administração destes para os capitalistas não resolverá a crise financeira dos mesmos, muito pelo contrário. Os clubes se tornarão objetos de especulação financeira, se aprofundará a perseguição aos torcedores, às torcidas organizadas, além da elevação do custo dos ingressos.
A única forma de resolver a crise financeira dos clubes é colocando-os nas mãos daqueles tem interesse na preservação do futebol, do patrimônio nacional, ou seja, os próprios torcedores, funcionários e jogadores. É preciso mobilizar as torcidas e os atletas contra a imposição do “clube-empresa” na defesa do futebol popular.