Nesta terça-feira (05/11), a mancha de óleo que contaminou todo o litoral nordestino chegou ao município baiano que faz limite com o Espírito Santo. Fragmentos da mancha de óleo foram encontradas na Praia de Costa Atlântico, em Nova Viçosa, no Extremo Sul da Bahia que fica a 55 quilômetros da divisa com o Espírito Santo, região Sudeste do País.
Depois de atingir o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, uma das maiores riquezas em biodiversidade marinha do Oceano Atlântico e que garante a pesca para milhares de famílias da costa da Bahia. Os dados oficiais apontam que a pesca nas regiões vizinhas ao arquipélago de Abrolhos movimenta mais de R$ 100 milhões ao ano, valor que representaria 10% da receita com pesca em todo o Brasil, e que garante a subsistência de 20 mil pescadores, a mancha de óleo segue para o Espírito Santo.
A total inércia do governo Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles está potencializando o desastre ambiental e aumentando as proporções de seus impactos. O governo e seu ministro já acusaram a Venezuela, as universidades e até organizações não-governamentais, como o Greenpeace de serem os responsáveis pelo derramamento de óleo. Essa é a única medida tomada, efetivamente, pelo governo Bolsonaro.
Em vez de ir atrás das manchas de óleo através de imagens de satélite, drones e embarcações, o governo diz que vai aguardar o óleo chegar as praias e os corais para realizar a limpeza. Importante lembrar que nem isso o governo está fazendo, pois quem está retirando o óleo das praias sem nenhum apoio são os grupos de voluntários formados por trabalhadores e a população das regiões afetadas.
No último domingo, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, veio dar um passeio em Porto Seguro e foi visitar Abrolhos. Em coletiva ficou irritado sobre questionado sobre o combate ao desastre e disse “bola de cristal a gente não tem”.
Disse que não tem bola de cristal para saber a origem das machas de óleo que atingem o litoral nordestino. Ao ser questionado em que pé estava essa questão das manchas, se estava próximo do fim ou se estava no começo, o general do Exército disse que “a gente só tem visualização quando chega na praia”.
O ministro bolsonarista também afirmou que o Exército brasileiro já está ajudando nas manchas em “Salvador e Recife”. “Se for necessário, o reforço de pessoal do Exército. Se a Marinha esgotar seus meios, o Exército vem ajudar”, disse. A pergunta que fica é onde estão os soldados que o ministro afirma?
Em meio a pressão, a Marinha brinca de “batalha naval” e divulga mapas e imagens feitas
em programas de desenho infantis de computador (veja imagem ao lado).
Em Porto Seguro, como na quase totalidade dos lugares, não há nenhuma mobilização das Forças Armadas e é extremamente pequena da parte dos órgãos ambientais seguindo orientação de suas direções bolsonaristas.
Quando entramos em contatos com o Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio) dizem que podem fornecer equipamentos de coleta de óleo como carriola e tambor, além de luvas. Ou seja, nada!
Enquanto isso, a população trabalhadora que depende do turismo e da pesca, no desespero, tenta a seu modo resolver o problema. Entra em contato com o petróleo altamente tóxico e com compostos que podem até causar câncer. A política de Bolsonaro, Ricardo Salles e do ministro da defesa estão expondo a população para futuras doenças e problemas inimagináveis.
Outro fato para se lembrar é que enquanto pescadores registravam os primeiros sinais da chegada da mancha de óleo em Abrolhos, o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles foi flagrado curtindo um belo descanso no litoral de São Sebastião, na praia da Baleia. Fato denuncia como o governo está “trabalhando” para conter o óleo.
Os trabalhadores têm que exigir que o governo resolva o problema, pois a contaminação vai além das praias. Milhares de famílias do litoral dependem da pesca e do turismo e estão sendo contaminadas enquanto os bolsonaristas estão curtindo descanso e destruindo o país.
O exemplo foi dado por pescadores baianos que realizaram manifestações nas ruas e ocuparam prédios do Ibama e de prefeituras, e deve ser seguido para a resolução do problema. A ocupação de prédios de órgãos públicos, fechamento de rodovias e outras medidas mais enérgicas devem ser tomadas para forçar o governo resolver o problema de acordo com a população afetada.
É impossível conviver com o governo Bolsonaro e a direita que em poucos meses já contribuiu com gigantescos desastres ambientais, ataques a direitos de populações tradicionais e de trabalhadores. Antes de tudo é preciso se organizar para derrubar Bolsonaro e toda sua corja direitista do poder.