Em entrevista ao programa Faixa Livre, programa da golpista Rádio Bandeirantes, o ex-candidato do PSOL à presidência, Guilherme Boulos, disse que “é muita mesquinharia, você não construir unidade, não ter pontes entre aqueles que defendem a democracia, os direitos sociais e a soberania nacional”. A declaração foi dada ao se referir à carta conjunta assinada por ele, Fernando Haddad (PT), Flávio Dino (PCdoB), Roberto Requião (MDB) e Ricardo Coutinho (PSB).
Tal carta foi publicada após os vazamentos da Lava Jato e basicamente é uma defesa da “Justiça” e da democracia burguesa e até mesmo da farsa da luta contra a corrupção.
O problema não seria todo o regime golpista que se estabeleceu desde antes da queda de Dilma Rousseff, mas os “excessos” de Sérgio Moro. O problema não seriam os fins da Lava Jato – uma perseguição política escondida de trás da farsesca luta contra a corrupção – mas os meios de Sergio Moro e procuradores.
No final das contas, uma defesa da Justiça golpista e mais uma vez a crença de que seria possível conviver com essas instituições “democráticas” do regime golpista. Tudo seria apenas um problema de “meios”.
É baseado nessa política que Guilherme Boulos defende a unidade contra um “governo de destruição nacional”, segundo suas palavras. Seria preciso “maturidade política para estar estar todo mundo junto”. Para Boulos esse “todo mundo” seriam os que defendem a “democracia” contra o governo de extrema-direita.
Mas quem são eles?
A julgar pela política de frente ampla que Boulos, Haddad e outros setores da esquerda vêm defendendo esse “todo mundo” pode e deve ser também o PSDB golpista, principal responsável pelo bolsonarismo. O PSDB dos governos fascistas de São Paulo e outros. O PSDB de João Doria.
O “todo mundo” de Boulos também poderia ser Ciro Gomes, o político direitista que foi infiltrado na esquerda para confundir a luta contra o golpe. Boulos lamenta na entrevista que Ciro Gomes tenha preferido “se colocar numa raia à parte”. Como se Ciro realmente fosse um grande democrata, esquerdista e progressista.
Fica claro que por trás do discurso vazio de “unidade” e entre uma vociferação e outra de aparência radical, Guilherme Boulos quer uma frente ampla com “todo mundo” para fazer uma “oposição” eleitoral a Bolsonaro e, quem sabe, conseguir alguns votos na próxima eleição. Política esta que só pode ser na prática uma sustentação do governo e de todo o regime golpista. Enquanto o povo, que é quem mais sofre com a política bolsonarista, pede a derrubada do governo, essa esquerda quer sustentar o regime para quem sabe conseguir algum cargo em meio à destruição nacional. Resta saber se até mesmo esses cargos estarão lá.





