Um estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) para o sítio Alma Preta revelou, através do estudo de documentos oficiais disponíveis, fornecidos pelas das secretarias de segurança dos estados, que os assassinatos cometidos pelas Polícias Militares no país são em sua maioria contra a população negra. O negro constitui 75% das vítimas letais do órgão de repressão, ou seja, de cada 4 pessoas assassinadas pela PM, 3 são negras.
Apesar de uma grande lacuna nos dados, fornecidos pelos Estados, onde em muitos casos a classificação racial da vítima é deliberadamente omitida nos documento da “ocorrência”, é mais do que claro o caráter persecutório e genocida do aparato repressivo contra a comunidade negra.
Os dado que expressam a situação regional não deixam dúvida, o Sudeste detém o maior percentual de letalidade policial, com 71% das vítimas negras, seguido do Nordeste com 53%, mesmo em regiões com pouca incidência da comunidade negra as taxas permanecem altas, como no Sul com 33% e o Norte com 13%.
O estudo mostra também o aumento da taxa de letalidade policial em 20% de 2017 para 2018, aumento que expressa evidentemente a política fascista dos golpistas e do imperialismo que usurparam o poder no país.
Estes dados trágicos, expressam, contudo, a real situação do negro na sociedade brasileira, situação muitas vezes tão mal compreendida pela própria esquerda nacional. Pela violência da perseguição e pela sua extensão, em todo o território nacional, mostra-se que a comunidade negra no Brasil, que é profundamente diversa, encontra-se em uma situação de similaridade a de uma nacionalidade oprimida no interior de um Estado nacional.
O que torna a opressão ainda mais dramática é o fato de que esta “nacionalidade” diferencia-se da privilegiada tão e somente pela cor da pele, uma vez que o elemento negro é parte inconteste do ethos nacional, não constituindo ele um elemento diverso, ao contrário, sendo o negro talvez o que há de mais brasileiro. A situação do negro, de semi-integração a cidadania brasileira, deriva, contudo, não do elemento ideológico, do racismo, como aventam uns, mas de uma opção da classe dominante, da burguesia brasileira.
É uma política deliberada, a subordinação de uma ampla parcela da população facilmente identificável em favor da outra, como forma seja para controlar a situação política, seja para super-explorar uma grande massa popular. O racismo como elemento ideológico é a justificativa desta subordinação feita através da violência estatal.
O racismo como elemento ideológico é sem dúvida um dos maiores males que a dominação cria e deixa marcas profundas num povo, sobretudo no elemento dominado, contudo este se sustenta na violência física, na perseguição, no assassínio, na subordinação econômica e sem estes não pode existir por longo tempo.
As tarefas democráticas permanecem como as tarefas imediatas para o negro brasileiro, é preciso lutar por um programa consequentemente revolucionário no campo da democracia, que realmente iguale os diversos elementos nacionais, tanto do ponto de vista econômico como político. Esse programa jamais poderá ser levada a cabo pela burguesia que é o sustentáculo da dominação do negro. É preciso a unificação do negro e dos mais diversos setores oprimidos conjuntamente a classe operária para uma luta radical contra a burguesia.
Umas das reivindicações fundamentais deste movimento deverá ser a exigência da imediata extinção da PM, assassinos do povo negro e pobre do país e mantenedores da opressão racial.