O carnaval deste ano está escancarando que a fraude eleitoral não é suficiente para conter a população. O candidato Jair Messias Bolsonaro foi vendido pela direita como o mais popular do Brasil, e por isso teria ganhado as eleições, e não porque prenderam Lula, o candidato mais popular, e impediram a esquerda de fazer campanha de rua. Parte da esquerda comprou essa propaganda; jogou a toalha e deu-se por vencida. “O brasileiro é fascista!” foi o que disseram muitos esquerdistas confusos após vitória do candidato do PSL. Felizmente, a população mais uma vez mostra que a política vai além do que a imprensa golpista vende e do que olhos despreparados percebem: é uma ciência cuja análise deve levar em conta diversos fatores.
Quem acreditou na popularidade de Bolsonaro certamente viu-se enganado agora que o carnaval começou. O ano mal começou e as pesquisas dos institutos burgueses – logo devemos considerar que a porcentagem está muito acima do que realmente é – apontam somente 38,9% da população considera o governo positivo. É o menor índice desde o pós-ditadura. Em dois meses de governo, com um presidente entocado e uma crise política entre os integrantes, esses números são avassaladores.
Para quem duvida das estatísticas, basta ouvir o o povo gritar. Em todas as ruas das grandes cidades carnavalescas do país ouve-se “Ei Bolsonaro vai tomar no c*”, “Ai ai ai, Bolsonaro é o caraí”. Inclusive entre a juventude existe uma forte campanha para rejeitar quem votou 17. Em Olinda com seus tradicionais bonecos gigantes, a representação do presidente e da primeira dama teve que ser escoltada por seguranças, que chegaram ao ponto de jogar spray de pimenta nos foliões tamanha a hostilidade com que os bonecos foram recebidos. Garrafas, latinhas, pedregulhos e blocos de gelo voaram pelas ruas de Olinda para tentar acertar os bonecos de Jair e Michelle. Para uma população supostamente fascista, a rejeição ao fascistoide é bem alta.
As manifestações em prol do “mito” estão cada vez mais rarefatas. Na verdade nunca foram populares, apenas tiveram maior frequência quando a esquerda estava acuada, na defensiva, com medo do teatro que a mídia concebeu para este exato propósito. Quando a esquerda se amedronta, os poucos fascistas com sua conhecida truculência parecem tomar conta das ruas, mas fato é de que somos muito mais numerosos que estes gorilas, por isso temos que revidar na mesma moeda. Organizar comitês de auto defesa, expulsá-los das ruas num instante bota esses fascistas com posição de avestruz.