Indo ao encontro do conservadorismo, todas as nações ainda oprimem as mulheres, em maior ou menor intensidade. Contudo, em alguns países a opressão é dada de forma completamente natural, como se o Estado se orgulhasse em limitar a vida das mulheres ao lar e se contentando em dar algumas migalhas a esse setor tão oprimido da população mundial. Assim é o caso da Arábia Saudita, braço do imperialismo estadunidense no Oriente Médio, que vem tentando mascarar seu regime opressor dando algumas aberturas às mulheres sauditas, como se estivessem fazendo um favor a elas.
A partir de 2016, o país vem cedendo alguns direitos às mulheres, como a possibilidade de viajar sozinhas, dirigir – apesar de terem conquistado esse direito, a habilitação para as mulheres é bem mais cara que para os homens -, trabalhar, ter acesso aos serviços de saúde e educação sem precisar pedir a permissão do homem “responsável”. O país, chefiado pelo príncipe Mohamed bin Salman, vem tentando passar uma imagem de progressista, de mais humano, contudo, é só mais uma nação escorada na questão da mulher para atrair investidores, turistas e melhorar sua imagem para o mundo, principalmente após as acusações sobre a morte do jornalista Jamal Khashoggi, no ano passado.
Diante dessas problemáticas, a Arábia Saudita lançou um programa chamado Visão 2030, tendo como uma de suas principais propostas a inserção em maior escala das mulheres no mercado de trabalho, tendo como meta ampliar de 22% para 30% a presença das mulheres como mão-de-obra. Fica claro que as mulheres que vivem desse modo sombrio, onde são obrigadas a usar as roupas que cobrem praticamente o corpo inteiro, anseiam por poder fazer as próprias escolhas, seja na carreira ou, simplesmente, poder escolher o que vestir, afinal, a maioria dos locais que empregam mulheres em seus quadros exigem o uso do niqab, um véu que cobre o rosto todo.
Essa realidade parece muito distante da brasileira, contudo, o presidente golpista e fascista Jair Bolsonaro, que visitou a Arábia Saudita recentemente, ousou afirmar que para ele o príncipe do país era como um irmão, além de tecer elogios, em outras ocasiões, ao modo como as mulheres são tratadas lá e o modo como se vestem. Inclusive, antes da chegada do presidente ilegítimo do Brasil, as jornalistas que o acompanharam foram orientadas a usarem a abaya, uma roupa mais larga e longa que não marca e cobre o corpo inteiro. Segundo o governo saudita, somente dessa forma essas jornalistas estariam “100%” seguras no país. Bolsonaro, quando viu as jornalistas vestidas assim, ainda afirmou que elas estavam “mais bonitas” daquele jeito.
Não é segredo para ninguém que a Arábia Saudita é um país praticamente artificial, criado pelo imperialismo estadunidense para controlar de alguma forma o Oriente Médio, logo os EUA, o berço da “democracia”, financia um Estado que oprime de forma ostensiva as mulheres. Bolsonaro pretende seguir a mesma linha, no que depender dele, de maior opressão das mulheres, como se a existência delas fosse o problema dos estupros, das violências domésticas, etc. A ofensiva conservadora não será esmagada sem uma organização radical das mulheres, que devem se opor a qualquer tipo de restrição sobre sua autonomia como sujeito de suas próprias vidas.